Visualizzazioni totali

venerdì 21 settembre 2012

Caos em Poema (tradução tonta de Chaos in Poetry de D.H. Lawrence)

Perdi as contas de se isso já saiu no Buca. Deu origem ao blog:

O poema, eles dizem, é uma questão de palavras. E isto é verdade tal como a pintura é questão de tintas e o afresco questão de cores. Isto fica tão longe de toda a verdade que, dito assim por dizer, no início, no meio e no fim de uma prosa, que pode até soar ingênuo.
O poema é uma questão de palavras. Poema, um encadeamento de palavras em um gargalo, por um atalho, até um ato falho. Poema, uma inter-animação de imagens. Poema, uma sugestão arregalada de alguma idéia. O poema é todas estas coisas e ainda é mais. Dados todos estes ingredientes, você terá algo muito parecido com um poema, alguma coisa para a qual podemos talvez usar o velho nome de poesia. E a poesia, como um bric-a-brac, estará sempre na moda. Mas poema ainda é alguma outra coisa.
A qualidade essencial do poema é que ele faz um novo esforço de atenção e descobre um novo mundo dentro do mundo conhecido. As gentes, e também os bichos e as tulipas, todas vivem em um estranho e sempre rebelde caos. O caos que nós nos acostumamos a chamar de cosmos. O caos interno meio inefável do qual somos compostas chamamos consciência, e chamamos mente e chamamos civilização. Mas no fundo é caos iluminado por algumas visões, ou não-iluminado por algumas visões. Assim como o arco-íris que pode ou não se iluminar na tempestade. Como os arco-íris, as visões perecem.
Mas as gentes não podem viver no caos. Os bichos podem. Para o bicho, tudo é caos, há apenas um elemento aqui e ali que recorre. E assim fica o bicho contente – gente não. Gentes parecem precisar de se embrulhar em visões das coisas e construir para si uma casa cheia de formas aparentes e estabilidade. Neste terror do caos, as pessoas começam colocando um guarda-chuva entre elas e aquilo que elas vêem fosforescer e desaparecer por toda parte. Então elas pintam a parte debaixo do guarda-chuva com um firmamento. Então elas podem marchar, viver e morrer sob o guarda-chuva. Legado aos descendentes, o guarda-chuva se torna uma cúpula e alguns notam as vezes que alguma coisa saiu errada.
Debaixo do guarda-chuva que é guarda-caos, as pessoas gradualmente murcham. Aparece então a poeta, inimiga da convenção, e faz um furo no guarda-chuva; e uau, a súbita imagem do caos torna-se uma visão, uma janela para o sol. Mas depois de algum tempo, acostumadas a visão e não gostando tanto do genuíno pedaço de caos, as gentes de lugar comum arquitetam um simulacro da janela que abre para o caos e pintam o guarda-chuva com a imagem do guarda-chuva. Isto é, tornam-se acostumados a visão, passa a ser parte da decoração de casa. Então o guarda-chuva parece um firmamento brilhante com muitos aspectos. Mas, ah, é tudo simulacro, em inumeráveis matizes. Homero e Keats, anotados e com um glossário.
Esta é a história da nossa era. Alguém vê os titãs pelos selvagens ares de caos e o titã se torna para as gerações seguintes uma parede entre elas e o caos que elas deveriam ter herdado. As escolas, como as antologias, são máquinas de transformar pedaços de mundo e papel de parede. O céu selvagem saiu correndo e assobiando. Até isto já se tornou um grande guarda-chuva entre a humanidade e o céu de ar fresco; então se tornou um afresco pintado sob o qual as pessoas desbotam e ficam insatisfeitas. Até que uma outra poeta faça um furo até o caos aberto e cheio de vento.
Pelo menos nosso teto não nos engana mais – todo o talento de todas as eras humanas não nos fará atravessa-lo. Dante ou Leonardo, Beethoven ou Whitman: tudo pintado no teto. É como o são Francisco pregando para os pássaros em Assisi. Maravilhoso como ar e os pássaros e o caos das muitas coisas – até porque o afresco está desbotando... mas ainda assim, ficamos felizes de sair daquela igreja e entrar no caos natural.
Este é um momento para a humanidade: espiar o caos, voltar a ele. Enquanto servir o guarda-chuva, e os poetas fizerem furos nele, e a massa das pessoas possam ser gradualmente educadas para ter a visão daqueles furos; o que significa copiá-los bem para que pareça que o que foi visto está sendo visto e fazer a humanidade continuar se arremessando entre as paredes de sua parede pintada, estaremos completando a nossa consciência.
Wordsworth, por exemplo, em alegria fez um furo e viu a flor amarela. Até então as pessoas tinham visto apenas a flor desbotada sob a sombra do guarda-chuva. Com Wordsworth tiveram um impacto de caos. Desde então os jardins de primavera tem flores amarelas – pintamos sobre os furos.
E Shakespeare, uma maior alegria, fez o furo e viu as emoções e as turbulências das pessoas em caos por trás da idéia convencional e do guarda-chuva pintado das imagens morais. Mas agora a nossa cúpula está pintada densamente com Hamlets e Macbeths, as paredes laterais também, e a ordem fica fixa e completa. As pessoas não podem ser diferentes desta imagem. O caos ficou preso do lado de fora.
O guarda-chuva ficou tão grande, os remendos pintados tão firmes que os furos ficaram difíceis de serem feitos. Eles ficam parecendo ultrajes e não mais visões do ar fresco – devem ser assimilados ao resto de um só golpe.
Então o guarda-chuva fica absoluto. E então a ânsia por caos se torna nostalgia. E assim vai até que algum vento muito forte retalhe o guarda-chuva e deixe o que restar da humanidade no meio do caos – o caos fica aonde está não importa quantos guarda-chuvas acumulemos.
E as poetas, nesta encruzilhada? Elas revelam o desejo interior da humanidade – o desejo de caos, o medo do caos. O desejo de caos é o que faz os poemas respirarem – o medo do caos é a marcha das formas e das técnicas. O poema é feito de palavras, eles dizem. Eles sopram bolhas de som e imagem que logo explodem em anseio de caos. Mas quem está pronto para fazer apenas mostruários de poemas pode confeccionar bolhas brilhantes, sem ar de caos dentro, e que por isto permanecem até que as deixemos cair.


Nessun commento: