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lunedì 21 luglio 2008
domenica 20 luglio 2008
do outro lado de Lesbos
volto ao mar de Sapho
mas ao oriente de Lesbos
onde bate o vento quente
misturado aos minaretes
que fazem as mulheres se tapar
e os homens andarem pela praia
como se uma nódoa de honra
os seguisse por onde fossem
o sal, o chá, as pedras
a névoa de Lesbos no horizonte
me fazem apaixonar
ao léu
tantos séculos e as pedras
ontem um espelho d'água
unia meus pés as costas
salgadas de Lesbos
hoje as ondas, remorsas,
em ebulição; os fluxos
também tem seus picos
e torvelinhos
é assim que passam os séculos
encontro os montes de sal
pelo meu dorso
escuto as pernas que saem da água
em turco
giovedì 17 luglio 2008
canakale ou la dısparıtıon II
bombear o ar que vem das veıas
no prazo longo
a lıberdade
agora as pupılas dılatadas
de soslaıo
e sem pıngos nos ıs.
mercoledì 9 luglio 2008
Rimas de verdade (nova versão)
O mundo é um punhado de acontecimentos
e um poema é um entulho de palavras.
Mas o entulho de palavras
quer dar abrigo ao mundo,
gritar com ele,
fazer acontecimentos,
como se fosse mundo também.
O punhado de acontecimentos
se esconde no entulho de palavras.
Eles se camuflam um no outro,
fatos parecem estrofes, rimas viram verdades.
Às vezes parece que podemos dividir
as palavras e os acontecimentos:
poemas à esquerda, o mundo à direita.
Mas basta movermos a cabeça uns centímetros
e eles misturam. Tudo entra em métrica.
Às vezes, um entulho de palavras cerca as coisas,
um punhado de acontecimento se veste de palavras.
Quem vê, vê tudo.
Ninguém vê sem versos
porque sem versos
o mundo parece que ocorre sem direção,
corre sem rima, rima sem estrofe.
As palavras usadas seguram as coisas,
parecem nós cegos, com fios finos
–– arrebentam com um verso que sopre,
e deixe as coisas escaparem
para fora da rima.
Palavras repetidas vão ficando duras.
Vão ficando sólidos perfeitos, que temos que contornar.
Nada é permanente sem um esmalte de palavras.
E as palavras são quase nada sem outras palavras;
sem todo o mundo elas não querem nada,
sem outras palavras elas não querem dizer nada.
Sem palavras não há coisas, só letras em diáspora
Que são só casca.
Entulhos de palavras às vezes se rimam,
em punhados de acontecimentos
Quando as palavras param
de rimar e calam ficam seus ecos, seus murmúrios–––
os acontecimentos não estancam.
411 inacessible hotel rooms in Lugano (bits)
[...]
in the absence of love
and among bread and fruit juices and local Swiss cheese
in the desolated airport hotel of Lugano
i sit for breakfast and by my side a couple
they sip coffee, they eat sweet jam
they look at each other,
she looks for anything other than fear
he looks for something respectable to cling to
those could be the ones that spent the earlier hours
of the year shouting at each other
her being accused in German,
him feeling entitled
but they have stated ducento e qualcosa
when the waitress came to ask for their credential number
which is not the room beside our 409
where we ended up after 3 hours and a half
of vagaries around Lugano
looking for shelter in the greed
of italianized
the waitress, sedated or really a breakfast robot
is the one who greets the couple auguri
when they stand up in their silence to go away
they don’t reply
they augur very little right now
to anyone
but Nietzsche once greeted a year
perhaps by this very alp
with a resolution of amor fati:
let my ‘no’ be no more than my gaze
moving away
and I try to move away my eyes
and find a bowl of syrupy pears
lying on the table
sugar, a genteel anesthetic
when one is feeling too much
i grab a piece and soon move to pick out another
you are not here to keep me off sugar
i give up the second piece
to write instead about the first
and soon i’m moved away
from the breakfast room
only to notice the light outside
the sun moving its gaze
away from what could deserve a ‘no’
from what could deserve ‘yes’
a lesson hidden in plain sight.
domenica 6 luglio 2008
2000 + 7
há um ano destes versos:
daquele dia-precipício
em que você, mamãe, deixou de estar
sete anos sem a origem da vida
e quando chegam novembros
em dias todos de chuva
você me acena
nas árvores sombreadas
pelas tardes terminando
você me acena
quando qualquer boca sorri
apenas porque é boca
você me acena do lugar fora do lugar
onde você ficou e de onde
continua tratando o mundo como uma boa companhia
agora:
Meus dias mornos e nossas reações químicas lado a lado
Minha mãe me fazia imaginar um saco (de estopa) de paciência
Fico procurando um saco (de estopa) com a temperatura dela
giovedì 3 luglio 2008
martedì 1 luglio 2008
netocracy
relationships of the netocratic class (godariush, first stab)
1.
skype
my friends are a choir of little green lights
my friends are a twinkling
my friends are marshlights clicking on
reignition of memories
my friends
are the warbling thrushes are the cats
in the thornbush
my friends
are all here
laughing before bedtime
in spotted pyjamas
2.
recurrence
ghost walking through the door
ghost of a shoulder
ghost of a curve of a back
ghost of an ankle
ghost of black hair tied up with a pin
ghost of a loose wristwatch
ghost of a mispronunciation
ghost of a midnight shade of green
our lady ghost
of the reappearances
you remind me of someone
i know
3.
gring@s
i have nothing to say
nothing to say
i say a lot
i talk a lot about myself
tell some stories
you talk a lot
i try to listen
i have a sense
of a connection
we look at each other
sometimes we say nothing
we go to the beach
we go to a waterfall
we climb a mountain
i stand by the water
i make an offering
we go to bed
we don't go to bed
we say we'll meet
in argentina
or somewhere
and you go away
and you go away
and someone else comes
and someone else comes
it's just today
i have nothing to say
Da série: Todo silogismo quer ser um haikai
barbara
todo gen tem haikai
em muito haikai tem sapo
todo gen salta alto
celarent
nenhum pó só foge
tudo que foge abre a porta
nenhum pó é só porta