“Deus salva mas nada acontece”
por Nuno Oliveira
O ESTILO E A PARANÓIA
Sendo contrário à minha forma de estar nas artes, entendo que uma das formas comuns de analisar uma boa de uma má peça de arte, possa ser pela excelência de estilo do executor "le style c'est l'homme même", e também que é o estilo uma coisa de extrema dificuldade de se conseguir, que é o estilo aquilo que é único no executor (autoria) e o define como artista, ou escritor (no caso da escrita).
Só se consegue um estilo, analisando todos os outros autores de um meio, escrita, pintura, escultura, cinema, outros, analisando todos os outros e recriando uma direcção. Um algo que desafogue o mundo de uma infinita repetição que não acrescenta.
Daí dizer-se que um bom escritor é antes de mais um bom leitor. Assim também se entende porque se afirma muitas vezes o grau de acuidade de um autor, analisando o seu rigor como estudante, o seu mérito académico.
Eu por outro lado e apesar de detestar a frustração, inerente à impossibilidade de entrar no meio artístico, percebo que não entro nesta categoria, sei que está acima de mim, a culpa é minha por falta de paciência.
Sei que muitas vezes levado pela ansiedade, o único que me interessa é mesmo o poder existir, poucos são os outros autores que me chamam à atenção, muitas vezes deles me chateio tantas quantas de mim.
Mas tenho que admitir que não tenho estilo, acho que me falta textura e paciência na escrita (neste caso, o meio que uso aqui), a ideia de produção como recriações, uma certa pesquisa de conhecimento, que funciona por busca paciente de um estereotipo comunicante, aborrece-me.
*
Acabei por desembocar numa visão de arte como paranóia por oposição a uma ideia de arte como estilo.
Algo prosaico contrário a uma lógica histórica que defende o estilo como um normal processo evolutivo histórico.
A ideia de paranóia refere-se, a uma resolução de realidade, de entendimento do que é ficção. Um pensamento em paranóia procura antes de mais a verdade da sua imaginação, uma imaginação sem fundo, uma forma de afirmar e aceitar o seu principio de loucura (engano).
A mim parece-me que existimos sempre entre a paranóia e o fantasma da dispersão.
Porque só sabemos o que somos, enquanto exagero imaginativo, em segunda mão, pelo reflexo que o mundo e os outros nos dá. E no esforço de racionalizar essa imaginação (a visão que os outros tem de nós), sempre nos dispersamos também; porque nos adequamos a uma alucinação colectiva que mesmo que refreada não dominamos.
O estilo neste contexto poderá ser contrário à ambição imaginativa, à paranóia, visto que esta não se quer refreada pelo social. No estilo, o -verdadeiro artista- parece antes de mais um dominado e um dominador, refreia a sua paranóia, não a confunde com o seu produto artístico, é um controlador da sua imaginação.
É de referir também que quem trabalha o seu sistema de ficção sobre o real, suportando o erro os excessos da sua mente delirante, tem tendência a viver esta hiperrealidade encontrada, de forma moralista. Porque se desencontra: de um pensamento desinteressado sobre o quotidiano, da negociação social focada na aspereza de um consenso generalista.
A confusão que faz em vida, mistura-se com a abestração que é o social, e repensa-se a ele e o todo como uma coisa só.
*
Estilo é a definição de que um autor é singularidade no social. E aqui teríamos que pensar o que é o social ou que é o espaço publico hoje para as artes, o espaço onde se redefine a representação do que é publico (tenho que ser sincero não faço ideia do que isto seja).
Paranóia é a definição de singularidade de um autor face a si próprio.
Assim a modo de conclusão diria que a paranóia é o que possuimos como certo e que o estilo pouco passará de uma vaidade.
por Nuno Oliveira
O ESTILO E A PARANÓIA
Sendo contrário à minha forma de estar nas artes, entendo que uma das formas comuns de analisar uma boa de uma má peça de arte, possa ser pela excelência de estilo do executor "le style c'est l'homme même", e também que é o estilo uma coisa de extrema dificuldade de se conseguir, que é o estilo aquilo que é único no executor (autoria) e o define como artista, ou escritor (no caso da escrita).
Só se consegue um estilo, analisando todos os outros autores de um meio, escrita, pintura, escultura, cinema, outros, analisando todos os outros e recriando uma direcção. Um algo que desafogue o mundo de uma infinita repetição que não acrescenta.
Daí dizer-se que um bom escritor é antes de mais um bom leitor. Assim também se entende porque se afirma muitas vezes o grau de acuidade de um autor, analisando o seu rigor como estudante, o seu mérito académico.
Eu por outro lado e apesar de detestar a frustração, inerente à impossibilidade de entrar no meio artístico, percebo que não entro nesta categoria, sei que está acima de mim, a culpa é minha por falta de paciência.
Sei que muitas vezes levado pela ansiedade, o único que me interessa é mesmo o poder existir, poucos são os outros autores que me chamam à atenção, muitas vezes deles me chateio tantas quantas de mim.
Mas tenho que admitir que não tenho estilo, acho que me falta textura e paciência na escrita (neste caso, o meio que uso aqui), a ideia de produção como recriações, uma certa pesquisa de conhecimento, que funciona por busca paciente de um estereotipo comunicante, aborrece-me.
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Acabei por desembocar numa visão de arte como paranóia por oposição a uma ideia de arte como estilo.
Algo prosaico contrário a uma lógica histórica que defende o estilo como um normal processo evolutivo histórico.
A ideia de paranóia refere-se, a uma resolução de realidade, de entendimento do que é ficção. Um pensamento em paranóia procura antes de mais a verdade da sua imaginação, uma imaginação sem fundo, uma forma de afirmar e aceitar o seu principio de loucura (engano).
A mim parece-me que existimos sempre entre a paranóia e o fantasma da dispersão.
Porque só sabemos o que somos, enquanto exagero imaginativo, em segunda mão, pelo reflexo que o mundo e os outros nos dá. E no esforço de racionalizar essa imaginação (a visão que os outros tem de nós), sempre nos dispersamos também; porque nos adequamos a uma alucinação colectiva que mesmo que refreada não dominamos.
O estilo neste contexto poderá ser contrário à ambição imaginativa, à paranóia, visto que esta não se quer refreada pelo social. No estilo, o -verdadeiro artista- parece antes de mais um dominado e um dominador, refreia a sua paranóia, não a confunde com o seu produto artístico, é um controlador da sua imaginação.
É de referir também que quem trabalha o seu sistema de ficção sobre o real, suportando o erro os excessos da sua mente delirante, tem tendência a viver esta hiperrealidade encontrada, de forma moralista. Porque se desencontra: de um pensamento desinteressado sobre o quotidiano, da negociação social focada na aspereza de um consenso generalista.
A confusão que faz em vida, mistura-se com a abestração que é o social, e repensa-se a ele e o todo como uma coisa só.
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Estilo é a definição de que um autor é singularidade no social. E aqui teríamos que pensar o que é o social ou que é o espaço publico hoje para as artes, o espaço onde se redefine a representação do que é publico (tenho que ser sincero não faço ideia do que isto seja).
Paranóia é a definição de singularidade de um autor face a si próprio.
Assim a modo de conclusão diria que a paranóia é o que possuimos como certo e que o estilo pouco passará de uma vaidade.
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