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mercoledì 10 aprile 2013

Mais um Nuno Oliveira

as crianças estão mortas
vivem nessa morte
os filhos dos outros
e os meus
por isso podem morrer
e eu

tudo o que se pode imaginar
não vai aconteçer
o medo das crianças mortas
não vai acontecer
porque já estão mortas
estão mortas as crianças
aliás nem chegaram a viver
só a imaginação morbida
é que nos pode obrigar a viver
estão mortas as crianças
no ventre da mãe
aliás só assim poderiam estar
sem medo de viver

as crianças e as mães
todas mortas
no ventre e na terra
cavalgam indomáveis
sem cavalo sem nada
sem estribeiras
sem nada
cavalgam fortes
incontroláveis

é tão certa a morte das crianças
como as ondas do mar
é tão certo que me faz sofrer
e eu tão perto
tão perto e tão longe
nesse mar
onde tudo é arido
esquecimento da lembrança
que me faz morrer
crianças mortas é aos montes
a morrer
a morrer de prazer

como é facil estar vivo
sem saber