deus joga com dé-da-luz,
dados rolando no escuro
do cosmo no vão dos dedos
cócegas sentem do presente brinquedo.
cálculo exato que o acaso
com tal talento
e destino marcado
determina:
um advinha o futuro
e o outro faz q faz
relembrando o passado.
nascidos do próprio invento
logo mostram seus disfarces
simulam sua certeza ao vento
calculam como comportarem-se
na luta do face a face.
matemática precisa do mistério
cada qual defendendo seu lado
deus está de partida
jogando dados viciados.
mas dédalo não demora
ousar seu último gesto.
acha uma brecha
caindo logo fora
e já sai batendo asa
em seu manifesto.
deixando no labirinto
o vôo dentro do ovo
o exato surgindo do acaso
a casca fora da casa
o devir chegando com atraso
e a deus que tudo se vira,
fere a palavra e de lá
de seu corpo retira
a própria abertura
do abismo onde caíra.
manda criar uma miragem
e engole o q sobrou do mito
onde se lia linguagem
leia-se em voz alta:
isso é parte do rito.
fazendo de conta
que nem é sabida
quem ganha ou perde a partida
da pedra que antes de ser jogada
já sabe o lado de sua caída.
deus e dédalus
em um só ser se transforma
conforme quer o saber
possuidor de regra e norma.
dos dedos dados voam
eternamente em movimento parado.
assim inventam o homem
e por ele é inventado
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