o sol se põe. ele se põe, vai ver outros cantos
eu não me ponho, não me ponho em nenhum dia
estou sempre de frente para as coisas verdes desperdiçadas
que fazem nossa vida um vale fértil de lágrimas
os homens espremidos pela falta de dinheiro,
pela vergonha de quase tudo
todos, na rua, de cabeça baixa:
a safra sempre abundante de lágrimas.
lágrimas ralas, lágrimas para dentro,
lágrimas que circulam há muito com o sangue.
E todos, na rua, de cabeça baixa:
não enxergam nem as árvores altas, altivas
que não choram, fazem frutas e esperam o tempo certo
–– estou muito triste, e o sol se põe;
eu acho que é lindo
queria cair com as folhas.
queria que não vivéssemos em uma bolha de plástico
feita de medo.
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