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domenica 29 giugno 2008

lavar colher

Uma sobra de gordura, matéria pura sem forma nem cor,
grudou na colher que a senhora, que traz quase toda sua vida
espalhada por sua coluna doída,
lavava depois de uma refeição quase sem sabor.
Aquela senhora de que não tratam os contos
(mas que somos nós pelas ruas nunca prontos),
lavava.a colher.

Onde estava a senhora? Atrás de uma cortina branca
no interior da Frisia. Mas a Frísia é apenas o nome
do pedaço de mundo onde a senhora come – e lava a colher.
Ela despeja no metal um detergente qualquer – amarelo.
O detergente é gosmento, de um barro poroso suas mãos e
já tocaram o ríspido, o lento, o tenro, o espinhoso;
uma compota de proteínas habilidosas vai para a colher
estanca a água com a sobra de gordura e solta esgoto abaixo.

Ela logo se esquece da gordura, da gosma, da pequena agrura
de arrancar a sobra grudada, desgrudar, esfregar,
esquece as perguntas que faz sem formular – amanhã
e amanhã se em outros dias iguais a amanhã
ela respirar. E nossa senhora com a tarefa terminada
senta-se na poltrona acomodada onde ela já aguardou.

Hoje. Mas também hoje é apenas o nome
do pedaço de instante onde a senhora senta
enquanto a gordura grudada some sem traço.
Seus braços compostos de minutos gordos e magros
lavaram a colher e continuam sua vida associados;
ela senta na poltrona com todos os seus ossos, fecha os olhos,
a testa fica apenas virada para o dia.


Talvez consigas encostar tua testa nele.

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