Texto da performance de hoje, O Desarmado: A força da Nudez:
O desarmado
A força da nudez
De repente apareceu uma síndrome: as crianças precisam ser protegidas da nudez adulta.
A nudez seria uma arma?
A síndrome é uma vergonha: afora os disfarces que as roupas promovem, não há nada que os adultos possam oferecer aos olhos das crianças.
Não há educação em seus corpos nus. Não há inspiração em seus corpos nus. Não há nenhum exemplo de força ou coragem nos seus corpos nus. Não há nenhum exemplo de força ou coragem que possa servir aos que vieram recentemente ao mundo porque toda força ou coragem dos corpos nus deve ser tratada com desconfiança.
E assim não podem sentir, só podem vestir. Pelos menos na frente das crianças.
A proibição da nudez é a proibição da verdade: as marcas nos corpos de uma comunidade fracassada.
Sem poder suportar a verdade, os corpos ficam sendo apenas os últimos resquícios de uma força. Dos quais deve-se desconfiar. Expostos, eles são apenas instrumentos de abuso e violência. Precisam ser encobertos e com isso domesticados, disciplinados, ordenados, uniformizados. Os corpos são armas vergonhosas porque os corpos adultos brasileiros não podem suportar a comunidade que construíram.
Não conseguem sentir a catástrofe da falência de qualquer projeto bem ou mal intencionado de miscigenação, na forma de uma democracia racial ou na da criação de uma outra raça. A impossibilidade da nudez dos corpos adultos é a vergonhosa vitória do racismo. Que não pode ser sentida (sem roupa).
Não conseguem sentir a catástrofe da falência de qualquer projeto de inclusão dos marginalizados, seja na forma de uma sociedade de igualdade de oportunidades ou da projeção da classe média por toda parte. A impossibilidade da nudez dos corpos adultos é a vergonhosa vitória do elitismo: não somos iguais. Que nos cubram as roupas.
Não conseguem sentir a catástrofe da falência da liberação sexual que, tendo sido ou não um projeto, esbarrou na supremacia patriarcal e cis e hetero de uma comunidade de violência. A impossível nudez dos corpos adultos é sua vergonhosa condição de escravos de uma ordem sexual assassina – que nos cubram de ícones de fácil leitura.
A verdade é indecente porque ela trata de uma comunidade indecente. Mas algumas das forças nuas são livres.
O desarmado
A força da nudez
De repente apareceu uma síndrome: as crianças precisam ser protegidas da nudez adulta.
A nudez seria uma arma?
A síndrome é uma vergonha: afora os disfarces que as roupas promovem, não há nada que os adultos possam oferecer aos olhos das crianças.
Não há educação em seus corpos nus. Não há inspiração em seus corpos nus. Não há nenhum exemplo de força ou coragem nos seus corpos nus. Não há nenhum exemplo de força ou coragem que possa servir aos que vieram recentemente ao mundo porque toda força ou coragem dos corpos nus deve ser tratada com desconfiança.
E assim não podem sentir, só podem vestir. Pelos menos na frente das crianças.
A proibição da nudez é a proibição da verdade: as marcas nos corpos de uma comunidade fracassada.
Sem poder suportar a verdade, os corpos ficam sendo apenas os últimos resquícios de uma força. Dos quais deve-se desconfiar. Expostos, eles são apenas instrumentos de abuso e violência. Precisam ser encobertos e com isso domesticados, disciplinados, ordenados, uniformizados. Os corpos são armas vergonhosas porque os corpos adultos brasileiros não podem suportar a comunidade que construíram.
Não conseguem sentir a catástrofe da falência de qualquer projeto bem ou mal intencionado de miscigenação, na forma de uma democracia racial ou na da criação de uma outra raça. A impossibilidade da nudez dos corpos adultos é a vergonhosa vitória do racismo. Que não pode ser sentida (sem roupa).
Não conseguem sentir a catástrofe da falência de qualquer projeto de inclusão dos marginalizados, seja na forma de uma sociedade de igualdade de oportunidades ou da projeção da classe média por toda parte. A impossibilidade da nudez dos corpos adultos é a vergonhosa vitória do elitismo: não somos iguais. Que nos cubram as roupas.
Não conseguem sentir a catástrofe da falência da liberação sexual que, tendo sido ou não um projeto, esbarrou na supremacia patriarcal e cis e hetero de uma comunidade de violência. A impossível nudez dos corpos adultos é sua vergonhosa condição de escravos de uma ordem sexual assassina – que nos cubram de ícones de fácil leitura.
A verdade é indecente porque ela trata de uma comunidade indecente. Mas algumas das forças nuas são livres.
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