Visualizzazioni totali

venerdì 4 marzo 2016

Ars prosaica

Escrever é um artifício no tempo.
Dichtung é complicação das asas,
explicação das asas é grande narrativa.
Blog é uma batida da asa, ou fica
meu carburador escondido
comprimindo
o ar que sai das asas que nem vejo?
Os diários do Leonilson: uma confissão
guarda muito
porque guarda
noites e dias de uma vida?

Eu gosto do tempo das bicicletas.
Apenas o tempo de ver dois olhos
de ameixa do menino que sorri
na parada de ônibus.
Queria fazer um filme sobre a invasão
das Américas:
um filme sobre uma felicidade nas aldeias
que viesse com a passagem dos anos
numa legenda: 1480, 1490, 1500, 1510.
Nenhum outro drama senão
a passagem dos anos.

O passado são as asas, a ameixa,
o gravador, a passagem dos anos.
O presente complica tudo e escreve
para um leitor que é uma escultura
na única pedra-sabão que temos.
Svetlana Alexièvich diz que escreve
para que o leitor não seja abatido,
não deixe o livro na estante
sem ler.
Ela não é uma médica. Ela inventa
a dor, nervo por nervo. Escreve.






Nessun commento: