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sabato 28 giugno 2014

Our passion for freedom is tougher than this prison

Meu bando, de solitários, anda para baixo
da Marylebone Road.
Entra com os cegos no hospital,
machuca os turistas na estação de trem.
Todos os dias o bando sabota minhas tentativas,
bem-intencionadas,
de me transformar em um condomínio.

Sentamos todos na calçada da rua,
coloco um pano verde no chão
e todas as moedas no pano.
Amo as bichas. As bichas ferozes,
e ardentes. De longe até vemos as matilhas,
de longe desengonçadas,
mas olhando a Marylebone Road de lupa
só minhas bichas sacodem.

Cada dia mais confinados, os meus solitários,
espremidos uns contra os outros,
não se aguentam, não se agridem.
Fico esperando os passantes jogarem moedas
no pano verde. A calçada me protege -
nada jamais me protegeu mais.
Quando olhamos só os pés de quem passa,
eles estão indo para algum lugar.




mercoledì 18 giugno 2014

Life is always what have I done at all

To Olga Shaumyan

I've been here. In this street, in this bar, in this plot.
I've been again in this street, in this bar, in this plot.
Because I've done something.
And there was a purpose.
To all my wrinkles.
Even though the wrinkles, I believe, weren't the purpose.
The wrinkles came because I had the purpose.
In this street, in this bar, in this plot.
I was anxious, things could have gone wrong, I missed a heartbeat.
It's easy to dive into the moods. To count the suspense
of things past.
And past again.
But I rather breathe the air. My past seems unlikely.
While is even less likely that I haven't done anything at all.

O peso de um corpo só

O corpo parece um pacote.
Mas não tem destinatário. E pode ser uma bomba.
Raramente explode.

Levo o meu, pelos quatro cantos do mundo
(ele gosta dos cantos),
como um pastor leva o rebanho,
como um afinador de piano leva a sua tralha.
Noto que ele está cansado.
Está cansado que eu carregue todo o seu peso.
Já que ele é o que pesa.

A cada dia faço com ele uma coisa diferente;
como quem leva uma criança ao circo,
um pinguim ao zoológico.
Ele vai ofegando mais, suspirando mais, gemendo mais.
Acho que ele vai tendo mais empatia,
já que eu não consigo nem embarcar sem ele,
nem entrar dentro dele e pedir que ele me dê uma mão.


venerdì 13 giugno 2014

Byung-Chul Han e a raiva (da edição francesa de Müdigkeitgeselschaft)

La colére a une temporalité particulière qui ne va pas avec l’accélération générale et l’hyperactivité. Cette dernière ne tolère aucune distance temporelle. Le futur se raccourcit pour devenir un présent prolongé. Il lui manque toute négativité qui autoriserait le regard sur autrui. La colère, en revanche, remets tout le présent complètement en question. Elle présuppose une pause interruptive dans le présent. En cela, elle se différencie de l’irritation. L’éparpillement général caractéristique de la société d’aujourd’hui ne permet pas à l’emphase et à l’énergie de la colère de s’affirmer. La colère, c’est une capacité qui permet d’interrompre une situation et de faire débuter une autre situation. Aujourd’hui, elle s’efface de plus en plus au profit de la contrariété ou de l’énervement que ne peuvent pas générer de changement radical. [… La colère] saisit et bouleverse tout notre Dasein. […] Elle ne se rapport pas à un seul objet. Elle nie le Tout. C’est ainsi qu’existe son énergie de négativité. Elle représente une situation exceptionnelle. La positivité croissante du monde prive ce dernier de situations exceptionnelles. (p. 78-9)

domenica 8 giugno 2014

Amistosidade e Cólera

Deborah veio a Paris grávida dos suas duas filhas,
Timidez e Terror.
Uma cesta de frutas secas, dinheiro para o pão, um amigo viciado
em Belleville.
Ele levou Deborah, num domingo de sol, para ver de perto
a casa onde morou Jodorowski e a praça onde tocou Karkowski.
Era o dia feriado.
E as casas estavam fechadas, as praças trancadas.
Os parisienses descansavam
com suas mães mortas,
com seus corações feridos,
com seu esgotamento sempre parcial.
Os dois encontraram uma sombra
onde Deborah podia repousar seus quartos,
cansados da caminhada.

Deborah leu no tronco das árvores dois mantras,
Amistosidade e Cólera.
Quando nos enfurecemos, predicava o pastor em língua coreana,
começamos alguma coisa nova.
Garganta arrebentada, ossos exauridos, voz mesmo sem palavras.
As pessoas cansadas, elas sim,
tinham o coração aberto às primazias e aos intrusos.
Deborah sentiu seus pés trincarem.
Queria sorrir todo o dia, mesmo que fizesse sol,
mesmo que fizesse ansiedade.
Ela teria que perder as horas já que suas duas filhas
não iam nascer com relógio de pulso.