Rosenzweig diz que tudo que é mortal é solitário. O que fica acompanhado, não morre. Deus é paciência. Morrer é largar o osso, e virar osso largado. Morrer é sair de cena, sair da balbúrdia fractal que conecta tudo com tudo. Morrer não acontece com tudo, acontece com cada coisa. O morto sai de circuito, sai da trama. Porque cada um sai da trama, a trama não é tudo - há o nada depois da trama. Cada ente carrega o seu nada. Rosenzweig diz que cada nada de cada morte é um novo nada. Os cadas carregam um nada e um novo. Os tudos carregam todos os outros e nada mais. Os tudos carregam a noite antiquíssima e idêntica, os cadas carregam manhãs. O cada ofusca, é pavoroso. O tudo obnubila, é apavorante. O pavor de cada cada que compõe um tudo. Deve ser que cada coisa que existe é também um cada porque carrega um nada. Cada nada que compõe o tudo. Todo mortal é desacompanhado. Procurar o ser, clamar pelo ser, pedir o ser é pedir companhia. Pedir parceria. Parceria contra o pavor da manhã. O pavor que desperta ter que estar escrito no livro trançado da vida. Entrelaçado de fios de morte -cada fio solto é alguém que ficou sem companhia. Rosenzweig diz.
Nessun commento:
Posta un commento