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mercoledì 2 gennaio 2013

Por anos

No primeiro dia de um ano, Belisário, Ernesto e Helena dançam na rua.
Depois comem um fungo sagrado de milho, huitlacoch, como se fosse uma comida abençoada.
Dos deuses que foram descobertos pela arquelogia.
Pensam nos deuses abandonados, os milhares de deuses
já sem nenhum fiel,
sem nenhuma devoção.

Belisário se lembra dos hieróglifos que aprendeu para não ser entendido
nem sequer por ele mesmo - estar desinterpretado
não ser objeto de fé, nem de compreensão, nem de clemência.
Ele deixa Helena e Ernesto na rua e vai ao campo.
Morde as folhas. Todas as que encontra.
Nas montanhas mexicanas que não conhecia.
Enche a boca de folhas que não conhecia.
Lembra que no ano novo não se cospe. Não se cospe. Se ama os fatos.
Sente as tonturas sozinho. Ele come as folhas, mastiga e engole.
Não sente mais a calma de um domingo da sua infância.
Sente que não há companhia para ele, há pedras.
Sussurra hieróglifos.
Acha que fez tudo errado.

Helena também acha que fez tudo errado.
Ernesto escreve uma carta para alguém que atormenta seu sono por meses: tenha coragem.
A coragem é menos que o amor.
Helena pega um ônibus para uma cidade grande.
Quer se sentir mais anônima.
Três pombos brancos soltos na mesma encruzilhada, e os três voam para longe da feira.
Apenas mais um ano.
Cai um cisco na beira do olho de Ernesto.
Ele sopra.

1 commento:

Anonimo ha detto...

Cruamente transparente e lindo, deixa-me atônita. Seguir o cheiro do huitlacoche.