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domenica 10 giugno 2012

As paciências

Tem o desfiladeiro, tem o redemoinho, têm as labaredas, as substâncias fétidas
E dizem os homens que gritam nas torres na beira do Neckar:
c´est le saint-Barthelemy des ouvriers, aux armes!
ou esperneamos e largamos nosso veneno pelo chão
ou o ministro das finanças de todas as coisas nos decifra e nos devora.

Mas eles vêm de soslaio, na ponta dos pés, como uma costa
que vai se afundando a cada grão de areia
Meus cabelos, meus cabelos embaraçados uns nos outros
não exorcizam o grito agudo e nem cauterizam a dor
pelos poros, ela se infiltra sem Hyperion
e sem destino, uma lata de Nescau presa no musgo.

É que sou musgo, ou então viro barro irritadíssimo
e esfrego a gosma na imagem do ipê rosa que desfolha
atravesso a rua do teleférico e encontro na manicure
a moça das unhas vermelhas. É preciso fazer guerra,
eu farejo, pois senão te tomam as respirações soltas.

Ou tanto melhor é esperar Dom Sebastião estirado na grama,
em todo endereço, ele vem, lânguido, de mãos caídas
e me encontra com uma porção de resina da virola elongata,
meus ossos se fazendo de rocha sedimentada, meus pulsos
ossos, meus olhos fixados na estrela que desliza em disparada.

Para que servem os sentidos? Entre os fios da energia elétrica
a estrela faz a correria, eu deixado no chão. Nada me impele
e eu confio, ainda que o movimento seja contingente e contra a gente
que teima em se arranhar na nossa pele de cacos de vidro.
Procuro a moça das unhas azuis, procuro a caixinha de música,

Tem o desfiladeiro, Urano, satélite - é o pó de chão,
eu não virei estátua. Quantas linhas da partitura a luz da estrela
atravessa? A pedra tem areia dentro, as artérias entupidas de areia
do meu paladar caem grãos de yacoana que não irrigam. Lama
derretida na torre, aos berros, às armas, caindo no desfiladeiro.


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