cada nervo do Tulio Raposa morria um dia
a torneira do descanso pingava mais
queria descansar de tudo, das cores, dos monólogos
cada dia cansava de uma palavra
e lhe sumiam as coisas de dentro dele
quantos músculos tinha ainda pra envelhecer?
esgote tudo - ele ouvia de Geórgia, e suspirava
tinha o esgoto
os tornozelos de Geórgia, o pescoço de Milena
tinha o esgoto
seus metros de altura
seus pelos de urso
seus braços
desmilinguiam como um golem lento
foi para uma praia
encontrou uma amiga de infância, casada, cotidiana e enrugada
esquálida:
- Meu filho é aviador, mas eu, ela disse, tenho muita vontade de olhar para baixo.
O contrário de uma epígrafe:
Me confino.
ando querendo sempre voltar para casa
me limito
mesmo em casa quero voltar para casa
me imito
deve ser vontade de caixão
(buca l'ombrello, 28.7.2010)
2 commenti:
eu fico pensando, que coisa doida esse tempo que faz essa coisa bonita e assustadora de envelhecer...
pirei com assinatura na descrição do perfil, botei um poema seu que eu nem lembrava. É dos primórdios do aferidor, de quando nem te conhecia. E hoje uma libélula me fez uma visita. Fechou a história, né?!
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