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sabato 22 ottobre 2011

esboços nas teias de areia, fodam-se todas as estrelas

esboços nas teias de aranha


outro dia no meio dos meus afazeres
no meio dos meus pequenos ímpetos perdidos entre grandes impulsos
perdi toda a minha esperança.
todo o meu ânimo e toda a minha vontade
escorreram por um ralo aberto na cozinha de algum desejo
as coisas de todos os dias ficaram inanimadas
todos os pequenos animais dentro dos meus espíritos
se tornaram pequenos animais empalhados de uma só vez,
fica esta parte de mim que escreve de sobrancelhas levantadas
apenas observando a era glacial que aconteceu entre meus ossos
toda a minha usina de alegrias emparelhadas hibernou
––fiquei meio tom abaixo de qualquer melodia.

deve ser um buraco negro no meu mapa astral;
mas que caiam as estrelas todas em seus buracos negros
deixem minha órbita livre, minhas doze casas desocupadas
armem-se de seus tempos redondos, entrincheirem-se em leis celestiais
eu fico aonde me deixam ficar, nesta terra que vocês só podem reger
de longe sem conhecer a cor do mar quando bate o sol.
fodam-se todas as estrelas
quero meu horóscopo feito de insetos, de vermes, de pulgas
são elas que fazem parte do meu destino aberto
são elas que entendem de futuros em cordas bambas
são elas que podem traçar minhas órbitas, que são tremidas
e garranchadas como as linhas feitas por quem só vai
vocês, estrelas, não estão indo, não chegam, não partem.
quero minhas quadraturas feitas com pingüins que acabaram de nascer,
quero meu ascendente desenhado por galhos de figueiras no outono,
meus trânsitos o trânsito das formigas subindo as crostas das paineiras
minhas conjunturas de piabas soltas entre comida e ilusão
meu destino nas mãos de todas estas portas abertas
que carregam muito mais destino do que conseguem segurar.
já as estrelas, elas não são carrascos, são apenas
escandalosos relógios no céu fazendo
cuckoo.


PS: Meu velho manisfesto contra a astrologia, e ela ainda me aquece.

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