Falei-te da Frísia, diário?
Nem tenho falado de boca cheia com você
é que andando descalço como em Chirambadam por Makkum eu pisei num ponteiro de horas
que tinha caído de um pulso
quando o ciclista fazia uma curva na sua Gazelle carregada de mantimentos
fez farpa, o ponteiro
pisei na grama, mais gelada que o cimento na tarde superaquecida
mas o ponteiro insistiu, sabe aqueles que grudam no pé?
marcando minhas horas dentro do meu calcanhar
fiz uma pinça com as unhas para tentar
puxar o carrapato, ensanguentado
pus minhas garras nas horas
jogando ânsia no chão cheio de conchas
a água da Frísia não tem margens, vira lago, vira rio, vira mar
eu fiquei um pouco tonto com estas viragens
mas respirei o ar que balança as cortinas brancas nas janelas
não era isso que eu vim fazer aqui, diário?
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