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giovedì 6 gennaio 2022

Herdar Drummond

Compartilho com os outros do meu país,

e que vivem do outro lado do fosso de classe,

o ódio. Mas o meu ódio é estofado, e é cheio de náusea, 

"preso a minha classe e a algumas roupas",

é bem-alimentado e também parece informado,

assim, pode mesmo pensar que não erra o alvo.

O ódio dos outros é muro na frente dos olhos e às vezes

não é nem sentido, é frustração, uma variedade

de atropelos cada um deles vindo de um alvo bem conhecido.

Nossos ódios poderiam estar confederados, mas eles 

me deixam sozinho esperando a flor nascer na rua.

Mas ela é feia.

Visto do outro lado do fosso, sou um exótico privilegiado,

talvez um aliado estabanado, feito de uma arrogância

destilada exibindo, onde não cabe, o verde capital simbólico.

Minhas memórias, mesmo as inventadas, 

são insuficientes ou demasiadas - de todo modo inapropriadas.

Meus projetos são distantes, mesmo que coincidam

em uma bruma de futuro - de todo modo solitários.

Todo o meu espaço de ação é estrangeiro e forasteiro,

alheio, inconsequente, caprichoso e  

o meu mesmo ódio do outro lado do fosso

tem eu mesmo como alvo. A mira vai ficando

mais certeira, mais nítida, mas desengonçada.

A flor não nasceu na minha rua.



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