Quando vi os primeiros exemplares, achei que eles eram enormes,
mãos que me carregavam, olhos que me olhavam inteiro
de um só relance, sem mexer a cabeça.
Mas não me lembro mais da língua dos meus pensamentos.
(No filme do Jarmusch, que vi na entrelinha
entre o primeiro verso e o segundo,
um japonês de Osaka se senta ao lado de Paterson,
um poeta motorista de ônibus de Paterson
que escrevia em um caderno sem cópia
devorado por seu cachorro quando ele foi ao cinema
com a namorada que vendeu 263 dólares de bolinhos
no sábado. O poeta tinha o mundo sem seu caderno de poemas
aberto a sua frente - bem, não o mundo, mas a cachoeira
e a ponte de Paterson. E ele, Paterson, sentado no banco
agora ao lado do japonês que lhe fala que escreve em japonês,
sem tradução -
poetry in translation is like taking a shower with a raincoat.)
Mas não me lembro mais da língua dos meus pensamentos.
Depois eles, os humanos, se tornaram cheios de capacidades
que eu não entendia como cada um deles de repente adquiria.
Eles se juntavam em praças, em praias, em parques,
e faziam amigos. Com baldinhos de areia,
com regadores, com pázinhas que eu fazia castelos,
eles faziam amigos.
Eu queria fazer amigos com eles, e
um dia iria lhes perguntar como juntar os grãos de areia
molhados em um castelo
sem que cada grão vá para o seu canto?
Depois entendi que as pessoas gostavam de ver nos outros
coisas enormes. Era isso que eu via, era isso que eu mostrava.
Uma grandiloquência, feita de cerejas distribuídas na noite
de ano-novo aos desconhecidos. A humanidade não recusa
as cerejas. Nem no Canal da Mancha, nem no Titicaca.
O lago Titicaca me deixou com febre.
Passei dias no barco de palha pelo lago,
onde todos os peixes nativos foram substituídos
por peixes pescados.
Ontem fui ao parque onde sobre uma toalha enorme
havia comida de toda parte, galinhas assadas,
e as beterrabas com creme que eu trouxe
e as folhas de parreira. Havia gente de toda parte.
Achei que eles eram grandes, mas mordiam.
Achei que eles me acharam grande, e que eu mordia.
Dei uns passos para trás, e sentei na grama.
Seria melhor pedir o divórcio?
mãos que me carregavam, olhos que me olhavam inteiro
de um só relance, sem mexer a cabeça.
Mas não me lembro mais da língua dos meus pensamentos.
(No filme do Jarmusch, que vi na entrelinha
entre o primeiro verso e o segundo,
um japonês de Osaka se senta ao lado de Paterson,
um poeta motorista de ônibus de Paterson
que escrevia em um caderno sem cópia
devorado por seu cachorro quando ele foi ao cinema
com a namorada que vendeu 263 dólares de bolinhos
no sábado. O poeta tinha o mundo sem seu caderno de poemas
aberto a sua frente - bem, não o mundo, mas a cachoeira
e a ponte de Paterson. E ele, Paterson, sentado no banco
agora ao lado do japonês que lhe fala que escreve em japonês,
sem tradução -
poetry in translation is like taking a shower with a raincoat.)
Mas não me lembro mais da língua dos meus pensamentos.
Depois eles, os humanos, se tornaram cheios de capacidades
que eu não entendia como cada um deles de repente adquiria.
Eles se juntavam em praças, em praias, em parques,
e faziam amigos. Com baldinhos de areia,
com regadores, com pázinhas que eu fazia castelos,
eles faziam amigos.
Eu queria fazer amigos com eles, e
um dia iria lhes perguntar como juntar os grãos de areia
molhados em um castelo
sem que cada grão vá para o seu canto?
Depois entendi que as pessoas gostavam de ver nos outros
coisas enormes. Era isso que eu via, era isso que eu mostrava.
Uma grandiloquência, feita de cerejas distribuídas na noite
de ano-novo aos desconhecidos. A humanidade não recusa
as cerejas. Nem no Canal da Mancha, nem no Titicaca.
O lago Titicaca me deixou com febre.
Passei dias no barco de palha pelo lago,
onde todos os peixes nativos foram substituídos
por peixes pescados.
Ontem fui ao parque onde sobre uma toalha enorme
havia comida de toda parte, galinhas assadas,
e as beterrabas com creme que eu trouxe
e as folhas de parreira. Havia gente de toda parte.
Achei que eles eram grandes, mas mordiam.
Achei que eles me acharam grande, e que eu mordia.
Dei uns passos para trás, e sentei na grama.
Seria melhor pedir o divórcio?
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