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sabato 8 ottobre 2016

A esta altura

Então, arbusto, é isso. É isso?
Teus gravetos caem, tuas folhas secam, teus verdes escurecem.
Concentras tudo o que sobrou nas tuas pitangas -
sabendo que também tem uma manga para dar,
e gostarias de manufaturar peras.
Mas elas vão ser sabores das tuas pitangas. É isso?
Não, não é porque tenho saudades dos prazeres
que não me lembro quais são.
E arbusto eu fujo.
Inventaria outro prazer, que não é florir.
Nem é ir e vir
e nem sequer é fugir. Não sou arbusto
das folhas-bandeira,
nem sequer sou vegetal quando tudo o que há na minha seiva
é lingua morta
é letra morta
é arqueologia.
Uma vez achei jogado no chão
a satisfação das minhas necessidades
mas não tinha satisfação porque as necessidades
são colônias de elefantes
e a satisfação é bicicleta.
Mas agora, outra vez e depois outra vez,
eu arbusto que solto pitanga
não vou achar na rua o carvão e titânio,
um gosto como o de uma fruta,
uma luva.
Faço com as mãos uns dedos que não entram nela.
Descoplado.
Saio com a alma ardida no outono vestindo um sapato
que me faz andar na ponta dos pés.
Tu não preferes agora andar pouco
e ficar calado?



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