Sobreveio a mim o messias do dia: um moço com dez anos de yeshivah
me fazendo contar (como se isso pudesse ser contado)
que eu confundi çarşamba com perşembe.
Ou seja,
hoje com amanhã.
Não que hoje é amanhã e nem que amanhã é hoje.
Mas que o dia de Kippur que é hoje
era amanhã.
Eu fiz com ele as contas persuadido que estava
de que o calendário me diria perşembe
e no entanto as contas disseram hoje - çarşamba.
Kippur-perşembe era preparado, esperado e tinha o peso do futuro
marcado,
o futuro que é previsível: um dia da desculpa
que é também um dia de culpa
e um dia de questões
(que em geral vem atormentadas
ainda que de uma tormenta
que dura só um dia):
porque jejuar?
por que não jejuar?
Questões indecidíveis.
Dia de medo, dia de irresponsabilidade,
dia de atrevimento, dia de obediência.
Tudo isso estava no Kippur-perşembe
mas por um milagre do tempo presente
não está no Kippur-çarşamba
já que o moço dos dez anos de yeshivah me apareceu hoje,
às 3 da tarde,
na hora do vão das preces
para quem jejua todo o dia.
E me disse: já não creio,
vês, estou comendo.
O kippur-çarşamba não é um Kippur
projetado, ele é lançado sobre mim,
ainda que por um erro de contas.
Os erros são milagres e são messias.
Um messias, que adianta o dia,
que libera o amanhã.
NOTA: Minha mãe dizia de quem estava mal-informado
que confundia çarşamba com perşembe
(ou seja, em turco, quarta-feira com quinta-feira)
me fazendo contar (como se isso pudesse ser contado)
que eu confundi çarşamba com perşembe.
Ou seja,
hoje com amanhã.
Não que hoje é amanhã e nem que amanhã é hoje.
Mas que o dia de Kippur que é hoje
era amanhã.
Eu fiz com ele as contas persuadido que estava
de que o calendário me diria perşembe
e no entanto as contas disseram hoje - çarşamba.
Kippur-perşembe era preparado, esperado e tinha o peso do futuro
marcado,
o futuro que é previsível: um dia da desculpa
que é também um dia de culpa
e um dia de questões
(que em geral vem atormentadas
ainda que de uma tormenta
que dura só um dia):
porque jejuar?
por que não jejuar?
Questões indecidíveis.
Dia de medo, dia de irresponsabilidade,
dia de atrevimento, dia de obediência.
Tudo isso estava no Kippur-perşembe
mas por um milagre do tempo presente
não está no Kippur-çarşamba
já que o moço dos dez anos de yeshivah me apareceu hoje,
às 3 da tarde,
na hora do vão das preces
para quem jejua todo o dia.
E me disse: já não creio,
vês, estou comendo.
O kippur-çarşamba não é um Kippur
projetado, ele é lançado sobre mim,
ainda que por um erro de contas.
Os erros são milagres e são messias.
Um messias, que adianta o dia,
que libera o amanhã.
NOTA: Minha mãe dizia de quem estava mal-informado
que confundia çarşamba com perşembe
(ou seja, em turco, quarta-feira com quinta-feira)