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mercoledì 28 gennaio 2009

Na tuhuana da sanidade


este é um poema que eu tentei dançar há uns três anos, eu um monte de sal grosso, uma cadeira com rodinhas e um terno completo com gravata e sapato preto. eu agora gosto menos da sanidade.

Na tihuana da sanidade

Quase.

No espaço entre os pensamentos­­ – o buraco escuro e lento

Entre os cinco mil sentidos, os 6 bilhões de mal-entendidos

Dê-me um verso de apoio

E moverei um poema até levá-lo ao abismo

Ou até a beira dos teus lábios

Me perseguem os braços flácidos e apodrecidos dos sábios

Persigo com os dentes a lucidez

das garras de lúcifer

pelas ruas escuras de dentro de mim.

Milhas de medo, calçadas de insensatez, nada me detém:

Quero ser mais um napoleão sem império

Em vez de homem sério sem direção.

Não ligo mais para as nascentes de onde brotam minhas fúrias

Que elas me asfixiem.

Sinto só o desejo, feito a pauladas, de reinventar tudo.

Reinventar a composição química da terra, reinventar meus olhos.

Sinto a vontade de abrir a mão, de abrir a mão de todas as minhas esperas.

Abrir mão da saliva, do muco, do suor, da lama, da remela, da poeira, da água estagnada.

Da gordura.

O homem mais feio do mundo

olha cansado os fundamentos de tantos impedimentos

e cata torrões de sal.

O homem mais frio do mundo

olha cansado as intenções de tantas humilhações

e cata torrões de sal.

O homem mais frívolo do mundo

olha cansado a contradança de tanta desconfiança

e cata torrões de sal.

O sal no chão é como a poeira no céu.

O mel sabe a sal; meu eu sabe que é só; o que é meu sabe que é pó.

Fico confuso com as batidas do meu coração,

envolto de sal. Esparramo minhas sêdes sem sede

Atropeladas pela velocidade

Enjauladas sem possibilidades

Em um continente parafuso-solto

Todo dia na Tihuana da sanidade

O lado colorido e obscuro da minha América

Meu continente encabulado de ansiedade

Meu continente por um triz.

Meu continente na fronteira

Terra batida, marretada

Alma dilapidada, seduzida

Meus olhos cobiçam a insensatez

Que se acabe de uma vez minha terra arrasada

Meus pés querem o avesso da conquista:

um continente levantado do chão.

Minha cabeça pensa com a inveja de quem me anexou.

Quero estar com esta pedra, como estou com o meu coração.

Mas a cada passo a frente fica mais difícil voltar atrás.

O mal calçou perfeitamente em mim

Como uma perversa certeza

Meus olhos viram como o rancor

Preso em todas as coisas. Tudo

Se retorce

Como a boca das gentes

Se vão a colher da minha mesa, minha mesa, minha casa,

as ruas, a cidade, minha pátria

E eu fico só,

cada dia, perto dos porcos, abraçado

a esta pedra que não ama.

Por isto eu choro e me contorço diante de ti. Dá-me

Do teu infinito ar de saúde,

Cura-me. Mas não totalmente

Deixa-me um fio do cabelo do demônio no olhar

O mundo

Merece suspeita

Sempre.

Minha insanidade imperfeita

Minha destemperança incompleta

Meu descontrole limitado

Minha loucura desconfiada

Ergo olhos para o céu––olhos que a terra come.

Não te machuque a minha ausência, meu Deus

Quando eu não mais estiver na terra

Onde agora canto amor e heresia

Outros hão ferir e amar

Seu coração e corpo. Tuas bifrontes

Valias. Mandarim e ovelha. Soberba e timidez.

Não temas

Meus pares e outros homens

Te farão viver destas duas voragens

Matança e amanhecer, sangue e poesia

Chora por mim, pela poeira que fui

Serei, e sou agora. Pelo esquecimento

Que virá de ti e dos amigos

Pelas palavras que te deram vida

E hoje me dão morte. Punhal, cegueira.

Sorria, meu Deus, por mim. De cedro

De mil abelhas tu és. Cavalo-d´água

Rondando o ego. Sorri. Te amei sonâmbula

Esdrúxula, mas te amei inteira.

E é difícil te amar inteira

É sempre mais difícil ancorar um navio no espaço

Exatamente meu peito está superlotado.

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