Minha terra é de ombros negros
que cantam jongos nos estômagos,
e ardem esporas nos rins.
É que no meu país,
meu pequeno povo branco e confortável
habita uma terra trêmula
feita de ombros escuros,
sempre escravizados,
onde nós pisamos e plantamos hortaliças.
Nossa terra, parda e fértil,
nos alimenta e nos acalenta
e deixa a mesa posta
e os tapetes esfregados.
Nossa terra tem palmeiras
e tem palmas, cortadas, amassadas,
tornadas em óleo
e preparadas em quitutes
que saboreamos e deixamos as sobras,
pois nossa terra-de-ombros-escuros
também lava nossos pratos.
No meu país a terra dá ritmo
e tonalidade, a terra ela mesma balança
e a dança da terra nós também dançamos
temos o barro exótico em nossa própria terra
e dizemos que é nossa raiz que está nela,
raiz fincada em ombros.
Assim. nosso povo parece gigante,
grande sobre uma terra alta
que é fértil mãe gentil
e nos amamenta e cuida dos nossos filhos
quando vamos trabalhar.
Nosso povo se habituou a pisar
os ombros como se fosse chão,
já não sabe pisar a terra.
Mas a cada vez que pisa na pele que é chão
deixa escapar quase exatamente
meio watt de brilho em cada par de olhos.
Nessun commento:
Posta un commento