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venerdì 29 febbraio 2008

Promulgo autoconstituição

Autoconstituição no dia 29 de fevereiro
(em artigos de haikais)

Preâmbulo:
nada o nada em tudo
nada o quase nada também
nado uns cinco oceanos

Artigo 1:
sou uma partícula
de excesso solta. logo nem
tenho cabimento

Artigo 2:
eu próprio sou impróprio
sou só os rios que me atravessam
folhas para os ventos

Artigo 3:
não trato da vida
é ela que me trata – e até bem
mas ela é tratante

Artigo 4:
amo fevereiros
sombra e luz do ano inteiro
e um esplendor no chão

Artigo 5 (ou, minha vida em desessete capítulos):
nasci da W-3
revoguei as indisposições
flori de insensatez

Artigo 6:
gosto de ver rostos
corro para água corrente
pela poça, sou o céu

Artigo 7:
bem que adoro exceções
mal percebo os trens no trilho
só o fevereiro amplo

sabato 23 febbraio 2008

Anne Frank and the Float

A musical, high or low?
Showbiz, making money
Entertainment, low or high?

about Viradouro's float see post below

venerdì 22 febbraio 2008

Afobado

Tenho sonhos de grandeza, mas só com a luz acesa.
Mas não sou só isto.
Quero descobrir a origem da noumenologia fazendo nomadologia.
Mas não sou só isto.
Sou talvez de Oxum, talvez de Ogum, de qualquer um.
Mas não sou só isto.
Ando com muito privilégio e tenho vergonha desde o colégio.
Mas não sou só isto.
Tenho culpas mansinhas e um bem-estar folhas-voando-sozinhas.
Mas não sou só isto.
Tenho diploma de amador, mas não consigo cuidar de muita flor.
Mas não sou só isto.
Meu sol fica na casa nove e, apesar disso, é meu corpo que se move.
Mas não sou só isto.
Me pagam para achar buracos estreitos que moram entre conceitos.
Mas não sou só isto.
Ando com uma perna torta, prefiro pisar a pedra, não joaninha morta.
Mas não sou só isto.
Gosto de cozinhar sem receita, espero e no tempero tudo se ajeita.
Mas não sou só isto.
Nasci brasileiro, mas discretamente prefiro ser um pouco estrangeiro.
Mas não sou só isto.
Não sei o que dizem minhas identidades, mas elas não falam verdades.
Mas não sou só isto.
Gosto de ficar comendo arroz, e tentar só pensar no porquê depois
Mas não sou só isto.
Penso umas idéias atéias, talvez causem minhas diarréias
Mas não sou só isto.
Quero tudo diferente, não tenho agulhas, nem cadeado, nem pente
Mas não sou só isto
Fujo de todos os perigos, mas corro para os perigos mais antigos.
Mas não sou só isto.
Às vezes me acho sem credenciais, sei que com ou sem elas tanto faz
Mas não sou só isto.
Quero ser o contrário disso; contrário descomprometido e insubmisso.
Mas não sou só isto
Sou até a borboleta azul que viu o rio cair da montanha.

lunedì 18 febbraio 2008

Love

In The Summer
by Nizar Qabbani

In the summer
I stretch out on the shore
And think of you
Had I told the sea
What I felt for you,
It would have left its shores,
Its shells,
Its fish,
And followed me.

Descubro Ruth Schwartz

The Swan At Edgewater Park

by Ruth L. Schwartz

Isn't one of your prissy richpeoples' swans
Wouldn't be at home on some pristine pond
Chooses the whole stinking shoreline,
candy wrappers, condomsin its tidal fringe
Prefers to curve its muscular, slightly grubby neck
into the body of a Great Lake,
Swilling whatever it is swans swill,
Chardonnay of algae with bouquet of crud,
While Clevelanders walk by saying Look
at that big duck!
Beauty isn't the point here; of course
the swan is beautiful,
But not like Lorie at 16, when
Everything was possible--no
More like Lorie at 27
Smoking away her days off in her dirty kitchen,
Her kid with asthma watching TV,
The boyfriend who doesn't know yet she's gonna
Leave him, washing his car out back--and
He's a runty little guy, and drinks too much, and
It's not his kid anyway, but he loves her, he
Really does, he loves them both--
That's the kind of swan this is.

mercoledì 13 febbraio 2008

Rainha coming up with Lucinda, Morrison, Angelou, Walker

trecho de Elisa Lucinda:

Ela mora num Brasil
mas trabalha em outro brasil
Ela, bonita... saiu. Perguntaram: Você quer vender bombril?
Ela disse não.
Era carnaval. Ela, não-passista, sumiu.
Perguntaram: empresta tuas pernas, bunda e quadris para um clip-exportação?
Ela disse não.
Ela dormiu. Sonhou penteando os cabelos sem querer
se fazendo um cafuné sem querer...
Perguntaram: você quer vender Henê?
Ela disse nããão.
Ficou naquele não durmo não falo não como...
Perguntaram: você quer vender omo?
Ela disse NÃO!
Ela viu um anúncio da cônsul para todas as mulheres do mundo...
Procurou, não se achou ali. Ela era nenhuma. Tinha destino de preto.
Quis mudar o Brasil; ser modelo em Soweto.
Queria ser qualidade. Ficou naquele ou eu morro ou eu luto...
Disseram: às vezes um negro compromete o produto.


Há pelo menos vinte agoras, fico polindo estes versos brutos:


Meio watt de luz a menos

Minha terra é de ombros negros
que cantam jongos nos estômagos,
e ardem esporas nos rins.

É que no meu país,
meu pequeno povo branco e confortável
habita uma terra trêmula
feita de ombros escuros,
sempre escravizados,
onde nós pisamos e plantamos hortaliças.

Nossa terra, parda e fértil,
nos alimenta e nos acalenta
e deixa a mesa posta
e os tapetes esfregados.
Nossa terra tem palmeiras
e tem palmas, cortadas, amassadas,
tornadas em óleo
e preparadas em quitutes
que saboreamos e deixamos as sobras,
pois nossa terra-de-ombros-escuros
também lava nossos pratos.

No meu país a terra dá ritmo
e tonalidade, a terra ela mesma balança
e a dança da terra nós também dançamos
temos o barro exótico em nossa própria terra
e dizemos que é nossa raiz que está nela,
raiz fincada em ombros.
Assim. nosso povo parece gigante,
grande sobre uma terra alta
que é fértil mãe gentil
e nos amamenta e cuida dos nossos filhos
quando vamos trabalhar.

Nosso povo se habituou a pisar
os ombros como se fosse chão,
já não sabe pisar a terra.

Mas a cada vez que pisa na pele que é chão
deixa escapar quase exatamente
meio watt de brilho em cada par de olhos.

sabato 9 febbraio 2008

Auschwitz, Carnaval, Mestiçagem

Negatividade Todo Mundo Bole

(em construção)


depois de Auschwitz
Adorno diz que nem mesmo
um verso sobre a fritura de crianças
ou sobre os números telefônicos de Deus
pode ser composto

pode ser composto
um carro alegórico
de corpos nús que entram
em crematório
como em uma praia de nudismo
peles, as roupas deixadas no kanada
cercado de passistas com purpurina
semiconscientes do poder despedaçantes
do arrepio?

uma vez escrevi umas linhas com a mão trêmula
eu precisava esquecer que é possível Auschwitz, Monowitz, Birkenau.

alguém venha e me conte que é possível
um campo de concentração que produza alegrias em medida industrial
prazeres casuais, júbilos constantes, injeções de euforia
para milhões de pessoas a cada dia, por ano, apenas para fazê-las sorrir
(as portas sempre abertas, é claro)
Auschwitz, Monowitz, Birkenau de felicidades a cada dia maiores
para multidões em frenesi sem entender porque foram escolhidas
para tanta bonança.

por favor, ajude, comece a juntar os tijolos.

as instituiçoes que compõem a FIERJ
consequiram que o carro alegórico
não fosse para a avenida
compor o desfile
efeito de cores, movimento

deve ser que os viradouros
não poderiam deixar de mestiçar
o lager com suas próprios medos
suas vontades de dançar e suas dores
de quem carrega algum explendor
por toda a avenida,
desde o nascimento
poderia um carro alegórico
fazer um navio negreiro
cercado de passistas semiconscientes
do adeus ao baobá
dos que vão ser escravos no Brasil
vendidos no mercado
que é baixa cultura
mas o Sondernkomando
nos campos da polônia
é patrimônio
da alta cultura.

alta cultura não se mistura
onde vive o que não se mistura?

talvez as instituiçoes da FIERJ
pensem que o desfile da Viradouro
não é sério.
nada que balance as potências
de pelo menos uma pessoa
pode ser uma mera distração

que coisa seria sério?
a proibiçao da poesia?

martedì 5 febbraio 2008

Chá no carnaval

Bebendo Chá com Fabiane Borges na casa de Ingrid com Esra e Cecília Coelho e Cecília Meireles citando Lo-Tung:

A primeira taça umedece-me os lábios
a segunda, interrompe-me a solidão;
a terceira, penetra-me as entranhas, onde revolve
milhares de ideografias estranhas;
a quarta, produz uma leve transpiração que leva,
através dos meus poros, o que existe de mau na minha vida;
com a quinta, sinto-me purificado;
a sexta, transporta-me ao Reino dos Imortais;
a sétima... Ah, a sétima,,, já não posso beber mais!
Sinto apenas o sopro do vento frio encher as mangas da minha roupa...
Onde está o paraíso?
Deixai-me subir nesta suave brisa e que ela me leve para lá!

lunedì 4 febbraio 2008

Poemas de carnaval

Segunda-feira disforme, dois poemas de carnaval, o primeiro de 2008, o segundo de 2007:

1. Dispersão

os anos como um desfile de escolas
entorpecem
barulhos misturam
bumbos, arrepios, rugas
freios bruscos
na madrugada,
a calça do guarda
da fantasia
da União da Ilha
arrastando no lodo
pelo túnel
os carros fora da pista
os componentes, os uniformes
os anos de carnaval misturados
as batidas da bateria
no longo fim do desfile

2. engalanados

em grupos de três pessoas na rua do Catete
pegamos taxis pro buraco quente
nossas mãos, com dedos apertados
e nossas cabeças com os dedos soltos.

miro, que escutou nos balcãs que as pessoas se vestem
de princesas africanas e saem pelas ruas no sol
guardava em uma gaveta semiaberta a impressão
de que no rio, no carnaval, faltavam camisinhas.

laura, que veste a roupa da alegoria leve
cobrindo sete chacras a flor da pele
em cada uma tem uma ala de paixões pelo que é ao léu
- chacra solto é quase uma bateria

ricardo, que ficou viciado em estar contente
de partir para o samba de madrugada
como quem tem destino de uma serena subversão
ainda dentro da família, longe do colégio militar.

todos fugindo e todos querendo voltar
algumas horas mais tarde
para bem fora do buraco quente.

edla no banco de trás do carro
olhando com vontade de estar intrigada
pelas janelas e pelos olhos em seu torno
roçando as pernas em teologia profana

andré, olhos que engolem antes de saborear
um pouco arrastado iria até a cascadura
com os fios dos lábios tortos com palavras
da dicionária e a pele branca ressabiada

os taxistas são bumbos na bateria da mangueira
as duas pernas da alma inseridas no carnaval
e as mãos do corpo no volante
por quatro noites que são quatro dias

o táxi da frente parou primeiro
a rua, vazia, eu com a euforia de estar chegando
em um lugar temerário e legendário e

o buraco quente estava fechado.

havia gente em verde e rosa pela rua
e não podíamos misturar com elas
já não podíamos fugir tanto
seguimos para madureira

venerdì 1 febbraio 2008

dieter roos e hidriane casando-se hoje

por um triz estive no casalório,
sopro os versos do dieter pelo ar:


dieter e hidriane


264

talvez
não exista o amor
talvez
exista somente
o ódio
e aquilo
que chamamos de amor
é somente
não odiar

582

dar um sentido na minha vida
eu digo
e dou aos meus sentidos
uma vida
e uma mulher
e um filho
e uma casa
e uma rua
e uma cidade
e uma pátria
e um continente
e um planeta
e uma galáxia
e um universo
e um deus
"agora meu amigo !"
eu digo
"agora a tua vida
tem um sentido !"

629


canção de amor do pobretão

eu tenho uma
que tinha nada
e ela tem um
que tinha nada

eu tenho uma
que agora tem a mim
e ela tem um
que agora tem ela

eu tenho uma
que só tem a mim
e ela tem um
que só tem ela

eu tenho uma
que tem algo
e ela tem um
que tem algo

nós temos
um ao outro
nós temos
algo
nós temos
nós
nós temos
tudo

554

desculpe
o beijo
mas
gostei

916

faire l'amour

o melhor amor
é ainda aquele
que se faz

939

o que sou eu
sem ti ?
o que és tu
sem mim ?
o que somos nós
sem nós ?
o que é o nós
sem mim
e sem ti ?

1912

apaixonado ?
apaixonado por ti ?
sim
talvez eu até seja
apaixonado por ti
como aliás também estou
loucamente apaixonado
por tantas outras coisas
neste
e noutro mundo !

2229

"a única coisa
que vale a pena
com-preender
é a mulher !"
falou o homem
e tomou-se
uma mulher

2471

amor
são as cores
com as quais pintamos
o mundo :
sem amor
tudo se torna cinzento
e frio

4386

black is beautiful

preto é bonito
e branco é bonito
e vermelho é bonito
e marrom é bonito
e amarelo é bonito
e tudo é bonito :
o amor
torna as coisas amáveis
e o ódio
odiáveis

4528

eu sou um
pedaço de ti
tu és um
pedaço de mim :
pedaços somos
quando separados
e inteiros
quando juntos

6604 a

um contrato de casamento
deveria ser feito
somente por vinte e quatro horas :
com direito
a re-eleição !

6669

pra lá e pra cá

ela
o quer puxar pra lá
ele
a quer puxar pra cá -
assim as coisas vao
pra lá e pra cá

7667

fome de amar

ela sorria -
ele a ama :
é tao simples
o amor !

7841

no dia seguinte

quando coloquei
hoje de manhã
a minha dentadura na boca
ela tinha ainda o gosto
de teus beijos

8047 a

você acredita no amor ?

no amor eterno -
não !
mas no amor que dura
enquanto dura –
sim !
nesse amor acredito !
sim !
desse amor
eu vivo !
sim !
por esse amor
eu morro !

9001

oferenda

só posso-lhe oferecer
este momento
só posse da-lhe
este in-stante, meu amor :
é a única coisa
que tenho !


10080 c

casa-mento
acasalamento
casa-lamento