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lunedì 23 marzo 2020

O caminhão de lixo

Da janela ela escuta o barulho do carro que recolhe o lixo
e pede para ver de perto, da rua.
Os lixeiros descem do carro rapidamente
catam o lixo na porta de cada casa,
e voltam para o carro sempre em movimento lento
onde se penduram de novo e seguem até a próxima casa.
Ela olha com toda a atenção do espanto
e vê o que nem ela consegue formular:
cada casa produz sacos de lixo,
que precisam ser retirados,
mandados embora, jogados fora,
bem longe da vizinhança.
E há os que passam como anjos
ou como detergentes
em todas as casas e levam o que elas
jogaram fora.
De onde vêm, estes operários
da anulação, da aniquilação,
do desaparecimento -
talvez de lá mesmo, de fora.
E são quase invisíveis -
na rua, só ela pede para vê-los
e para tudo para poder escutar seus passos
e se aproximar.
Mas eles, os lixeiros
sabem que todos os que chegaram há pouco
dentro do mundo são seus cúmplices.
Não são seus defensores e nem seus parceiros,
mas vêem o cósmico no ofício
de passar pelas casas e ficar do lado de fora
jogando mais fora
o que foi jogado fora.
Onde está o fora, talvez ela pergunte.
Para onde vai o que vai fora?

Eles acenam para ela, e ela acena de volta.

1 commento:

blossom accountants ha detto...

nice post thanks for update