É no espaço da violência - lá onde ela mora, onde ela quase sempre fica, onde ela criou nichos e ninhos - que aparece o acolhimento. É um invenção, surpreendente e inaudita. O outro da violência não é um cálculo, nem sequer um cálculo moral. Não é deixar a experiência calar e falar mais alto, e no entanto é um desinteresse de si. Um estado de luto, uma dexistência. A santidade do desinteresse se assemelha aos milagres: não são regrados e nem regulares. São novidades. Distúrbios nos passos das carruagens.
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domenica 24 maggio 2015
martedì 19 maggio 2015
Como correspondência
Ontem a noite ele encontrou a carta de amor que eu lhe escrevi na minha infância.
Eram apocalipses, tautogias, tatuagens e círculos quadrados,
lacrados em um papel azul
e cheios de artigos indefinidos - os artigos dos acontecimentos.
Ele me mandou um telegrama em forma de tótem como resposta: aventura sim, remorso não.
Era uma formação sedimentar coberta com cadáveres de antigos trilobitas
e de outras testemunhas de antes do holoceno.
Fui procurar meu mapa do tempo - de onde ele falava?
Acordei andando em círculos. Tropecei em um véu de kashmir que também tinha vida morta.
Carbônica. Mas o véu tinha sangue. Sangue velho.
Eu lhe escrevi, na carta, sobre o meu nariz.
Eu não conseguia parar de ver meu nariz no meio das paisagens.
Quando tropecei no véu, fingi que sabia dançar tango e que não havia mais intrusos dentro de mim.
Tenho pena de você, me disseram minhas avós, porque você codifica mas não descodifica.
Tenho pena.
Eu juro que eu abro o cofre mais tarde para você, eu disse, eu sei o segredo.
Mas na carta, não quis falar sobre a pena que minhas avós tinham de mim.
Era muito natural, ou então era muito humano.
Deitei no chão do banheiro, meus pés sobre a privada
e encostei minhas vísceras no ralo.
Tranquei a porta porque podia ser que eu gozasse
balançando as cadeiras. E se ninguém ler? O correio pode demorar meses
e meu amor pode minguar, ou se expandir mais ainda.
Naquele dia acho que sintonizei o rádio. Tinha uma música cantada com o sotaque do México:
"es mejor que no me conozcas, que no me escuches, que no me mires".
Eram apocalipses, tautogias, tatuagens e círculos quadrados,
lacrados em um papel azul
e cheios de artigos indefinidos - os artigos dos acontecimentos.
Ele me mandou um telegrama em forma de tótem como resposta: aventura sim, remorso não.
Era uma formação sedimentar coberta com cadáveres de antigos trilobitas
e de outras testemunhas de antes do holoceno.
Fui procurar meu mapa do tempo - de onde ele falava?
Acordei andando em círculos. Tropecei em um véu de kashmir que também tinha vida morta.
Carbônica. Mas o véu tinha sangue. Sangue velho.
Eu lhe escrevi, na carta, sobre o meu nariz.
Eu não conseguia parar de ver meu nariz no meio das paisagens.
Quando tropecei no véu, fingi que sabia dançar tango e que não havia mais intrusos dentro de mim.
Tenho pena de você, me disseram minhas avós, porque você codifica mas não descodifica.
Tenho pena.
Eu juro que eu abro o cofre mais tarde para você, eu disse, eu sei o segredo.
Mas na carta, não quis falar sobre a pena que minhas avós tinham de mim.
Era muito natural, ou então era muito humano.
Deitei no chão do banheiro, meus pés sobre a privada
e encostei minhas vísceras no ralo.
Tranquei a porta porque podia ser que eu gozasse
balançando as cadeiras. E se ninguém ler? O correio pode demorar meses
e meu amor pode minguar, ou se expandir mais ainda.
Naquele dia acho que sintonizei o rádio. Tinha uma música cantada com o sotaque do México:
"es mejor que no me conozcas, que no me escuches, que no me mires".
mercoledì 6 maggio 2015
Informe (Bataille)
Informe
Un dictionnaire commencerait à partir du moment où il ne donnerait plus sens mais les besognes des mots. Ainsi infome n'est pas seulement un adjectif ayant tel sens mais un terme servant à déclasser, exigeant généralement que chaque chose ait sa forme. Ce quíl désigne n'a ses droits dans aucun sens et se fait écraser partout comme une araignée ou un vers de terre. Il faudrait en effet, pour que les hommes académiques soient contents n'a pas d'autre but : il s'agit de donner un redingote à ce qui est, une redingote mathématique. Par contre affirmer que l'univers ne ressemble à rien et n'est qu'informe revient à dire que l'univers est quelque chose comme une araignée ou un crachat.
Un dictionnaire commencerait à partir du moment où il ne donnerait plus sens mais les besognes des mots. Ainsi infome n'est pas seulement un adjectif ayant tel sens mais un terme servant à déclasser, exigeant généralement que chaque chose ait sa forme. Ce quíl désigne n'a ses droits dans aucun sens et se fait écraser partout comme une araignée ou un vers de terre. Il faudrait en effet, pour que les hommes académiques soient contents n'a pas d'autre but : il s'agit de donner un redingote à ce qui est, une redingote mathématique. Par contre affirmer que l'univers ne ressemble à rien et n'est qu'informe revient à dire que l'univers est quelque chose comme une araignée ou un crachat.
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