Dexistência, pulsão de pausa

Pachamama nos encontrou para procurar uma pausa na vontade de atrito.

Eis aqui o filme com Luciana Ferreira, Ingrid Barros, Artur Marques, Hilan Bensusan com
participação estética de Teresa Labarère e Luis Fernando Suffiati:

DEXISTÊNCIA

Poema de amor sem escorrimento

O barco flutua na água represada
Aiuole
Arbustos vistos de longe, de perto bonsais
A represa cercada de Bushes tramados
do tipo dos que na Terra Sonâmbula de Mia Couto
explodem Moby Dick, a ovelha.
O chão não flutua, ele aterra o rio.
Conto uma história. Ela não corre.

Amanhecer, matança e as palavras torturadas

Elas regem os meus respiros: coragem e manha.
Passa uma bicicleta oficial
pedalar para estar no escritório certo.
Aeroporto.
A boemia fica na beira do mar
die Sudeten:
a boemia na beira do Báltico.
As águas cinzas, o mar salgado, expatriado.
nicht Wörte, Leben
was?
mordidinhas de formiga
eu quero uma dessas
eu quero uma dessas
eu quero uma dessas
meus ossos roem
agir por impulso
in der Lauter
Warum schwerig?
Noch ein mal – mordidinhas de formiga
torturo as palavras
com rimas geladas, uma a cada hora
mas elas desmaiam
antes de dizerem qualquer coisa.
Dostoyevski, no livro de Coetzee, chega a ver elas
as palavras -
falarem caladas.
Elas dizem tudo:
eu me enveneno já que a polícia vai me matar.
“Agora eu posso contar uma aventura de verão.”