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venerdì 30 luglio 2010

minha janela

as sombras longas esbaldam
eu quero ficar baldio
com olhos enfeitados de sombras esticadas
e tortas.

giovedì 22 luglio 2010

me confino

ando querendo sempre voltar para casa
me limito
mesmo em casa quero voltar para casa
me imito
deve ser vontade de caixão

martedì 20 luglio 2010

ou mais uns artigos da autoconstituição

Autoconstituição


Preâmbulo:
nada o nada em tudo
nada o quase nada também
nado uns cinco oceanos

Artigo 1:
sou uma partícula
de excesso solta. logo nem
tenho cabimento

Artigo 2:
eu próprio sou impróprio
sou só rios que me atravessam
e pedras de comer

Artigo 3:
não trato da vida
é ela que me trata – e até bem
mas ela é tratante?

Artigo 4:
amo fevereiros
sombra e luz do ano inteiro
num esplendor no chão

Artigo 5 (ou, minha vida em desessete capítulos):
nasci da W-3
revoguei as indisposições
flori de insensatez

Artigo 6:
gosto de ver rostos
corro para água corrente
pela poça, sou o céu

Artigo 7:
bem que adoro exceções
mal percebo os trens no trilho
só o espaço entre os vagões

Artigo 8:
eu quando transtorno
desenho em mim outra forma
depois a transbordo

Artigo 9:
demoro a descobrir
pra pegar e sair vivendo
que é de pó onde morro

Artigo 10
sonho em ser andróide
maquiar a tireóide ao espelho
pôr Freud do avesso

Artigo 11
na vida é iminente
que uma eminência imanente
me manda e me mente

Artigo 12
o que é que eu sou mesmo?
uma antena entre torresmos
ou uma lesma a esmo?

Artigo 13
singular, sem lugar
bóio entre casas, casamentos
não moro, esparramo

Artigo 14
prego ambivalência
amo a insolência indolente
mesmo a sonolenta

Artigo 15
sou confusionista
meus prazeres não tem prazos
confusões sem hora

Artigo 16
excreto quase tudo
exceto o excesso e o que falta
quando falta exceção

Artigo 17
se já venho a calhar?
penso sempre um calhamaço e
falo das migalhas

Artigo 18
gosto dos desejos
rimo remela e sapiência
bocejo e inspiração

Artigo 19
crio exageros novos
ordem é cão, caos 171
sou mato na cerca

Artigo 20
falo da palavra
ao vento, ao fogo, ao matagal
e com um ninho dentro

Artigo 21
amo papel em branco
solto na rua, já que há vultos
avulsos em tudo

Artigo 22
ordeno-me: odeie mesmos
até a si mesmo, ate a corda
e solte o braço

Artigo 23
detesto a precisão
de tabus e tabuadas
prefiro infiltração

Artigo 24
só respiro bem mal
sugo um ar todo empestado
saio cheirando torto

de onde vem este cheiro de ópio?

fui criado por um deus triste e quieto
sem despudor, sem vaidade, sem tabule
me fez feito de tabus e de tabuadas
com régua nos olhos, tatuagens nos pés.

sou de um cosmos em anargosmia
que se debate e anda pelas linhas retas
como um cachorro encabulado do dono
que o passeia sem nem ter o que fazer.

alieno-me, fujo para o meio da rua
sou atropelado.

giovedì 15 luglio 2010

A Yeats on Singularity spread by Manuel

"Never shall a young man,
Thrown into despair
By those great honey-coloured
Ramparts at your ear,
Love you for yourself alone
And not your yellow hair."

"But I can get a hair-dye
And set such colour there,
Brown, or black, or carrot,
That young men in despair
May love me for myself alone
And not my yellow hair."

"I heard an old religious man
But yesternight declare
That he had found a text to prove
That only God, my dear,
Could love you for yourself alone
And not your yellow hair."

venerdì 9 luglio 2010

Escola e Estilo (Mira Alves)

Tem escola
e tenho estilo
sou isto
e sou aquilo
o meu estilo?
Depende do meu
estado de espírito.
Estado de espírito?
Tenho todos.

MIRA vende Escola, Estilo e bons formigamentos pelas ruas de Brasília.
Comprem.

mercoledì 7 luglio 2010

As resoluções da Comuna (Paris, 1871) - Brecht

Alain Badiou conta que quando Brecht voltou a DDR, em 1948, ele apresentou como cartão de visitas uma peça sobre a Comuna de Paris: Os dias da Comuna. A peça não foi muito bem aceita - Darwish diria, para alguma coisa servem as derrotas. Na peça havia um canto sobre as resoluções dos Communards, que traduzo a partir da versão do Badiou:

Considerando que vocês nunca chegaram
a nos oferecer salários decentes,
nós mesmos agora tomaremos as fábricas,
Considerando que sem vocês
haverá o suficiente para nós.
Considerando que vocês escolheram
nos ameaçar com fuzis e canhões,
nós decidimos que uma vida miserável
era para nós pior que a morte.

Considerando que seja o que for que ele prometesse
nós não confiávamos no governo,
nós decisimos que a partir de agora
sob nossa direção
nós construiremos uma vida melhor.
Considerando que aos canhões vocês obedecem,
e é a única linguagem que vocês entendem,
nós iremos dever, com todo banefício,
virar os canhões contra vocês.

venerdì 2 luglio 2010

Una Paulina Vinderman

Otra vez cúpulas en ele poema, otra vez la ciudad
Las travesías se volvieron copias
de ciudades tocadas sólo por supervivencia,
para regresar a la mia.
Como si ella contiviera todos los números, los secretos,
las passiones del mundo.
Alguna vez una calle me devuelve el desierto
y cuando oscurece,
las sombras de las bolsas de basura
son instalaciones de museo, que sólo puedo ver
cuando mi memoria agotada olvida el mar, aquellas grúas
detrás de las cercas, la mujer de turbante azul que
me vendió la caja mágica y la oportunidad
de atesorar mis miedos como mariposas atrapadas
en la belleza de su oro
Hay que aprender la asfixia como se aprende un idioma.
Nadie llorará por la ausencia de las alas contra el cielo.

23 versos de Economía de Tihuantinsuyu (de E. Cardenal)

No tuvieron dinero
el oro era para hacer lagartija
y no monedas
los atavíos
que fulguraban como fuego
a la luz del sol o las hogueras
las imagenes de los dioses
y las mujeres que amaron
y no monedas
Millares de fraguas brillando en la noche de los
Andes
y con abundancia de oro y plata
no tuvieron dinero
supieron
vaciar laminar soldar grabar
el oro y la plata
el oro: el sudor del sol
la plata: las lágrimas de la luna
Hilos cuentas filigranas
alfileres
pectorales
cascabeles
pero no dinero

uma questão de poder

ontem trepei com o demônio
por toda a tarde
sabia que ela vem sem hora marcada
sabia que ela não volta
sabia que ela faz dobraduras na minha carne
ofereci ao demônio um papel timbrado
ele ficou sonâmbulo, analfabeto e gozou
imperdível
peguei uma corda grossa, mas que não arranha a pele
comecei a amarrar, obstinado
o caminho mais curto não é o mais reto
é aquele com o vento mais favorável à minha vela
sou um navegador que sabe dar meus nós nas cordas
e não quero que te machuque a minha ausência, meu deus
deus irrecusável
terminei o nó nos pulsos e ouvi o balbucio do meu nome
era preciso ter fé
no insensato
libertar a tinhosa, a tremedeira
não te machuques, fique sendo meu devoto
ou meu carrasco
no chão encharcado