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giovedì 25 febbraio 2010

Breve fato de um Eu desfigurado (Samuel Magalhães)

Arrasta-me daqui loucura
Arrasta-me para a insanidade do bem,
Que o teu mal é menor que
o que eu li no jornal
Leva-me aos poucos, ou de uma vez...
Toma minha mente de assalto!
Me surta!
Me converte!
Mas não me deixe normal...
É que eu me envergonho
das coisas normais,
das arrogâncias, da hipocrisia,
das inconstâncias, do mal humor,
E da ganância que corrompe a alma,
Com a frieza dessa gente,
totalmente eivada do materialismo
ilusório
E omissa por ausência de consciência
Arrasta-me que já me despojei
da sensação de pertencer à este lugar.

Sam

Samuel B. Magalhães
Feira de Torre TV Brasília
128-n Atelier
Brasília
sam2@pop.com.br

giovedì 18 febbraio 2010

Minha amiga, a covardia (Marilia Melo)

Viver é uma bravura
Que não conheço nem mereço
Uma arte inexata onde padeço
A dor do avesso:
estar no limiar de orgulhar-se
de, apesar de qualquer catarse,
respirar ainda a qualquer preço.

Respirar? Onda dos covardes!
Onde reside o maior brilho:
Viver de penas ou morrer com estilo,
Entregue à sua tristeza, sem maior alarde?
Digam-me o que é mais heróico,
Mais bravo e mais honroso - dali fugirei
Na minha covardia que já sei
E na rima pobre do meu ser paranóico.

O que me faz digna? Dali me escondo
Para na podridão da minha condição inumana
O mundo me esqueça e a dor me abandone
Indigna de qualquer sofisticação!

lunedì 8 febbraio 2010

Eu na rua



Um homem, bem branco, de camiseta de time de futebol e com a família
grita aos baderneiros: baderneiros!
Eu passo pela rua, salgado, ensolarado, cheio de lágrimas emperradas
(Tormenta grande tratar a alegria como um hóspede de luxo,
descriminando, discriminando a maldade e a agrura.)
Pois bem: baderneiros!
E eu, mancomunista, sem voz, líquido
preso à incapacidade dos meus olhos em terem punhos cerrados
olho.
Sou touro, sou javali, sou lápis de cor,
minha letra tem o sotaque da imprecisão,
olho.
Animais ferozes, enjaulados na rua, o homem vestido
e eu, olho.
Ele para de urrar por quarenta segundos.
Eu me penduro à baderna, e passo.

Ao buca

Meu buca é minha pipeta
Minha buceta inventada, minha janela molhada
fertilizada, empapuçada, o avesso de não fazer nada
...eu quero... até envergonhada.

domenica 7 febbraio 2010

O terceiro dos 21 problemas indecifráveis do Kadosh

E por que é pesado caminhar, como se a perna não fosse para o passo, antes como se fosse para ficar sempre parado e apenas, apenas, e acima de tudo o olhar vigilante?

Hilda Hilst

sabato 6 febbraio 2010

Kadish e Kadosh

estanquei. e tanto que as moscas nem me fazem piscar. nem um urro, nem mordida.
por que preciso lutar contigo se tenho fome de ti?
administro o sagrado
eu escuto e quem eu escuto quer meus ouvidos direitos
entro em um cafofo condicionado
e saio com uma nota fiscal: Kadish e Kadosh
Viver é uma bravura: diz Marilia Melo
Boa, diz Edgardo em meio aos gritos de um bar - poderiam ser paineiras, jasmim
Cansa, diz Ricardo, fazendo uma curva com os olhos, quase querendo uma fantasia
amasso a nota fiscal no fim do dia
viver entre dois livros em uma disciplina de mim, pornografia e em linha reta
apesar de qualquer catarse
Kadish, delito de supor genes inocentes
Kadosh, mil lobos te invadindo, em forma de luz depois da chuva
amasso a nota fiscal no fim do dia
eu, emperrado, parece agora um potro de guerra treinado