Visualizzazioni totali
venerdì 29 maggio 2009
gosto das coisas manifestas
nem quero das coisas prontas
as caras de horizontes emparedados
de quem esbarra em assuntos encerrados.
que saia o que alguém pôs
para que fique depois
não quero ser prato que fica posto
quero ser batedeira.
quebrem, quebrem, quebrem os grãos de terra,
as luas, as estrelas com pontas terminadas – gritem
e façam manifestos e então esqueçam
transpiração é conspiração
e o chão, o chão voa e vira poeira
nem finca firme a terra, ela se entrega ao vento
quero ser o desfiladeiro.
queiram fazer orgasmo onde a pele enruga
tigela de água entre os mananciais
quero me tornar uma fábula sem começo
não quero ser tapete
quero a tremedeira.
(e nem arrumar a cama)
Míngua, língua, míngua, míngua
Uma cachoeira, ela gozava muito
- Na mata, a cachoeira jorrava
e eu me assustava, eu tinha pudores
Mas eu distorci as palavras
- O que era pornografia, virou nuance
distorci e quase esqueci
- Na mata, a cachoeira jorrava
e eu me assustava, eu tinha pudores
Mas eu distorci as palavras
- O que era pornografia, virou nuance
distorci e quase esqueci
lunedì 25 maggio 2009
Knowledge (by Louise Bogan)
Now that I know
How passion warms little
Of flesh in the mould,
And treasure is brittle,--
I'll lie here and learn
How, over their ground
Trees make a long shadow
And a light sound.
How passion warms little
Of flesh in the mould,
And treasure is brittle,--
I'll lie here and learn
How, over their ground
Trees make a long shadow
And a light sound.
venerdì 22 maggio 2009
Minha autoconstituição com o preâmbulo nadista para o Rubens Pileggi
Autoconstituição
artigos em haicai-leis
Preâmbulo:
nada o nada em tudo
nada o quase nada também
nado uns cinco oceanos
Artigo 1:
sou uma partícula
de excesso solta. logo nem
tenho cabimento
Artigo 2:
eu próprio sou impróprio
sou só rios que me atravessam
e pedras de comer
Artigo 3:
não trato da vida
é ela que me trata – e até bem
mas ela é tratante?
Artigo 4:
amo fevereiros
sombra e luz do ano inteiro
num esplendor no chão
Artigo 5 (ou, minha vida em desessete capítulos):
nasci da W-3
revoguei as indisposições
flori de insensatez
Artigo 6:
gosto de ver rostos
corro para água corrente
pela poça, sou o céu
Artigo 7:
bem que adoro exceções
mal percebo os trens no trilho
só o espaço entre os vagões
Artigo 8:
eu quando transtorno
desenho em mim outra forma
depois a transbordo
Artigo 9:
demoro a descobrir
pra pegar e sair vivendo
que é de pó onde morro
Artigo 10
sonho em ser andróide
maquiar a tireóide ao espelho
por Freud do avesso
Artigo 11
na vida é iminente
que uma eminência imanente
me manda e me mente
Artigo 12
o que é que eu sou mesmo?
uma antena entre torresmos
ou uma lesma a esmo?
Artigo 13
singular, sem lugar
bóio entre casas, casamentos
não moro, esparramo
Artigo 14
prego ambivalência
amo a insolência indolente
mesmo a sonolenta
artigos em haicai-leis
Preâmbulo:
nada o nada em tudo
nada o quase nada também
nado uns cinco oceanos
Artigo 1:
sou uma partícula
de excesso solta. logo nem
tenho cabimento
Artigo 2:
eu próprio sou impróprio
sou só rios que me atravessam
e pedras de comer
Artigo 3:
não trato da vida
é ela que me trata – e até bem
mas ela é tratante?
Artigo 4:
amo fevereiros
sombra e luz do ano inteiro
num esplendor no chão
Artigo 5 (ou, minha vida em desessete capítulos):
nasci da W-3
revoguei as indisposições
flori de insensatez
Artigo 6:
gosto de ver rostos
corro para água corrente
pela poça, sou o céu
Artigo 7:
bem que adoro exceções
mal percebo os trens no trilho
só o espaço entre os vagões
Artigo 8:
eu quando transtorno
desenho em mim outra forma
depois a transbordo
Artigo 9:
demoro a descobrir
pra pegar e sair vivendo
que é de pó onde morro
Artigo 10
sonho em ser andróide
maquiar a tireóide ao espelho
por Freud do avesso
Artigo 11
na vida é iminente
que uma eminência imanente
me manda e me mente
Artigo 12
o que é que eu sou mesmo?
uma antena entre torresmos
ou uma lesma a esmo?
Artigo 13
singular, sem lugar
bóio entre casas, casamentos
não moro, esparramo
Artigo 14
prego ambivalência
amo a insolência indolente
mesmo a sonolenta
giovedì 21 maggio 2009
Não me empilhem na estante
vocês todos pela praia, parem - a foto
é o ímpacto físico de um silêncio
não quero ser continente
sou abuso avulso, pequena ilha
nos fios na neblina, fora do mapa da mina
a mosca que pousou nas tuas letrinhas
o furo no teu saco de lixo líquido
- ela saltava carne trêmula para fora do vestido
e dentes, dentes, brancos
(sou a pele do dente, que insiste)
deixem para mim os grandes vãos.
é o ímpacto físico de um silêncio
não quero ser continente
sou abuso avulso, pequena ilha
nos fios na neblina, fora do mapa da mina
a mosca que pousou nas tuas letrinhas
o furo no teu saco de lixo líquido
- ela saltava carne trêmula para fora do vestido
e dentes, dentes, brancos
(sou a pele do dente, que insiste)
deixem para mim os grandes vãos.
martedì 19 maggio 2009
João Cabral de Melo Neto: O nada que é
Um canavial tem a extensão
ante a qual todo metro é vão.
Tem o escancarado do mar
que existe para desafiar
que números e seus afins
Possam prendê-lo nos seus sins.
Ante um canavial a medida
métrica é de todo esquecida,
Porque embora todo povoado
Povoa-o o pleno anonimato
que dá esse efeito singular:
de um nada prenhe como o mar.
ante a qual todo metro é vão.
Tem o escancarado do mar
que existe para desafiar
que números e seus afins
Possam prendê-lo nos seus sins.
Ante um canavial a medida
métrica é de todo esquecida,
Porque embora todo povoado
Povoa-o o pleno anonimato
que dá esse efeito singular:
de um nada prenhe como o mar.
giovedì 14 maggio 2009
Un poema de Paulina Vinderman
El Sabado 16 en la Casona, Buenos Aires, estará ella, Paulina Vinderman.
Un poema:
La ventana del hospital
da a un baldío espeso de pasto y de botellas rotas
(como cicatrices de batallas).
Un sauce milagroso crece en la esquina que
da al cuartel.
Hospital de otro siglo, el dolor que me ata
a la silla despintada también es de otro siglo.
Las enfermeras corren con los orinales
por corredores hundidos y no reparan en él.
No estoy acá para curar mi vieja herida ni mi insomnio.
Soy hija, se supone que las hijas tienen salud.
En plena noche los azulejos blancos destilan
una luz primitiva. Puedo seguir un camino entre las
camas sin titubear.
Esa es mi luna, también la que imagino
sobre las botellas como un spot.
Comprendo su soledad (sin hermanos)
en medio del cielo.
Comprendo las mareas, comprendo a la locura
como un exceso de blanco.
He sido amada (no comprendida),
he sido aquel perro solitario de mi primer poema,
que atravesó la calle para ser mi amigo.
"¿Podríamos jugar mañana, cerca del sauce?"
El amanecer está en un punto muerto,
suspendido por una memoria que semeja un barco
sin mascarón de proa.
(Igual que mi vida).
de Hospital de veteranos
Un poema:
La ventana del hospital
da a un baldío espeso de pasto y de botellas rotas
(como cicatrices de batallas).
Un sauce milagroso crece en la esquina que
da al cuartel.
Hospital de otro siglo, el dolor que me ata
a la silla despintada también es de otro siglo.
Las enfermeras corren con los orinales
por corredores hundidos y no reparan en él.
No estoy acá para curar mi vieja herida ni mi insomnio.
Soy hija, se supone que las hijas tienen salud.
En plena noche los azulejos blancos destilan
una luz primitiva. Puedo seguir un camino entre las
camas sin titubear.
Esa es mi luna, también la que imagino
sobre las botellas como un spot.
Comprendo su soledad (sin hermanos)
en medio del cielo.
Comprendo las mareas, comprendo a la locura
como un exceso de blanco.
He sido amada (no comprendida),
he sido aquel perro solitario de mi primer poema,
que atravesó la calle para ser mi amigo.
"¿Podríamos jugar mañana, cerca del sauce?"
El amanecer está en un punto muerto,
suspendido por una memoria que semeja un barco
sin mascarón de proa.
(Igual que mi vida).
de Hospital de veteranos
martedì 12 maggio 2009
Debaixo do bloco
Bom dia, Pastor! Aqui, Pastor.
Ah, bom dia. Escute, Pastor, meu pai foi lá?
Seu pai... foi, ele foi e até contribuiu com a gente
E você, não quer saber mais de feijoada?
Agora só quer saber de ficar bonitão... Não, pastor, é para...
Elegância, se sentir melhor...
Não, é para abaixar a pressão, essas coisas
Eu sei, eu também to precisando.
Passa lá que a gente conversa, passo, nós conversamos
(No campo já seria a hora de parar de arar)
Qual é o seu número aí? 207
Eu passo aí, quero também te mostrar meus produtos
Produtos de que, pastor?
São pra massagem, desodorante, hidratante
Ah, passa sim, você está sempre em casa?
Hoje às 7 da noite eu vou estar aqui
Abraço, amigo.
(O pastor desaparece por trás do prédio,
por trás do campo de visão da minha janela.
Leva sua sacola, sem hóstia.)
Maimônides dizia: não sobrevivas do temor ao céu.
Eu dizia: preferia que todos
sobrevivessem sem (ter que ter) temor ao céu.
Ah, bom dia. Escute, Pastor, meu pai foi lá?
Seu pai... foi, ele foi e até contribuiu com a gente
E você, não quer saber mais de feijoada?
Agora só quer saber de ficar bonitão... Não, pastor, é para...
Elegância, se sentir melhor...
Não, é para abaixar a pressão, essas coisas
Eu sei, eu também to precisando.
Passa lá que a gente conversa, passo, nós conversamos
(No campo já seria a hora de parar de arar)
Qual é o seu número aí? 207
Eu passo aí, quero também te mostrar meus produtos
Produtos de que, pastor?
São pra massagem, desodorante, hidratante
Ah, passa sim, você está sempre em casa?
Hoje às 7 da noite eu vou estar aqui
Abraço, amigo.
(O pastor desaparece por trás do prédio,
por trás do campo de visão da minha janela.
Leva sua sacola, sem hóstia.)
Maimônides dizia: não sobrevivas do temor ao céu.
Eu dizia: preferia que todos
sobrevivessem sem (ter que ter) temor ao céu.
A mulher que não gosta de paredes
coço minhas feridas, elas formaram cascas,
misturo o peito com o planetário, empilho o trompete
no buraco entre os livros descubro que gosto de te invadir, de me internar
f-f-f-f-f-f-f
mordo uns caquis maduros, com cascas,
como com um gel, prolifero você na pele, na desproporção humana
na vertigem tremo a perna, limpo o chão, mordo meus olhos,
não sei assobiar
misturo o peito com o planetário, empilho o trompete
no buraco entre os livros descubro que gosto de te invadir, de me internar
f-f-f-f-f-f-f
mordo uns caquis maduros, com cascas,
como com um gel, prolifero você na pele, na desproporção humana
na vertigem tremo a perna, limpo o chão, mordo meus olhos,
não sei assobiar
sabato 9 maggio 2009
Clitoris Maximus by Angelspunk
Clitoris, Clitoris,
queen of my vulva,
crowning jewel of my most intimate treasure,
you, butter bean, are uncontested,
absolute ruler of your universe,
head dominatrix of the dungeon.
Hooded and cloaked,
you wait impatiently,
peeking out occasionally,
tasting the air.
Thirstily you await the next adventurer
eager to explore
your secret underground cave.
This is your hidden base
and you the epicenter
of every roaring earthquake,
its rolling thunder it travels
to the furthest outposts of my body,
to breast and nipple, neck and toe.
You made your residence
far below the twin peaks
under the Venus hill,
in the center of my anatomy.
With your helm and labial coat,
you stand glistening in the early morning sun.
Two legs straddle your vaginal steed,
excited you await the next charge,
of your lover's pointy lance.
You, clit, little slit bit,
beauty spot, cherry pit,
you my passion bean,
show up in all shapes from harlot to queen.
At day my little ploughman tall
at night, the usher of my hall.
You are a pink button...
a tender love button,
a happy and expressive pleasure button.
You little nubbin are my door bell,
the joy buzzer announcing the next spell.
Mama's little spare tongue shame tongue
loves to be the budgie's tongue!
Clint Toris, the horny goat,
was born as baby in the female boat.
Clitty's daddy was no Dracula,
Clitty was fathered by the bald man in the female navicula.
From puerility the stamina of the boy in the boat was terrific,
but as the man in the boat he is virile and most prolific.
The cockyolly bird dance around the hot spot,
a butterfly dancing dancing on the dot,
grinning as little feet caress the sensitive spot.
And then suddenly out loud sounds the pleasure crow,
my female cock, stood erect to let all know,
you hit my sweet spot with that last soft blow -
my sensible part relishes this so!
She's a succulent cherry, maybe a bit risky,
a passion fruit, guaranteed to get you frisky.
This goal keeper is a pleasure seeker,
a peeping sentinel, and a late sleeper!
The clown's hat is a little tickler,
but you can be sure she's the trigger.
This here tastebud is not any bud,
this nub is a love bud rosebud.
My praline is a sugared almond,
glistening, she is a sugared diamond.
My prawn of pleasure
dares you to taste her clitoric treasure.
Clitoris,
strange, hooded mystic,
why are you here,
what made you put up your command post,
your headquarters,
right amidst this girl's legs?
Who are you, what is your purpose,
your reason for coming?
Do you really have this one function only,
this singular goal?
Is your only concern sending forth
your army of orgasms,
the rhythmic contractions,
wave upon wave upon wave,
crashing on the beach of my skin
shaking my very foundation?
What care is it of yours,
the sake of the survival of my species,
that you would urge and encourage,
hint, poke, and seduce?
Is it your scheme to force me to copulate,
more girls for your harem?
You give no answers,
but you keep pressing, urging, demanding.
You crave your pound of flesh,
be it four, seven or ten inches,
always better if it's fresh.
Clitoris, my dearest clit,
whoever and whatever you are, I adore you utterly.
Yesterday peaceful and quiet,
today bouncing of the walls,
you are one of the great spices of life.
queen of my vulva,
crowning jewel of my most intimate treasure,
you, butter bean, are uncontested,
absolute ruler of your universe,
head dominatrix of the dungeon.
Hooded and cloaked,
you wait impatiently,
peeking out occasionally,
tasting the air.
Thirstily you await the next adventurer
eager to explore
your secret underground cave.
This is your hidden base
and you the epicenter
of every roaring earthquake,
its rolling thunder it travels
to the furthest outposts of my body,
to breast and nipple, neck and toe.
You made your residence
far below the twin peaks
under the Venus hill,
in the center of my anatomy.
With your helm and labial coat,
you stand glistening in the early morning sun.
Two legs straddle your vaginal steed,
excited you await the next charge,
of your lover's pointy lance.
You, clit, little slit bit,
beauty spot, cherry pit,
you my passion bean,
show up in all shapes from harlot to queen.
At day my little ploughman tall
at night, the usher of my hall.
You are a pink button...
a tender love button,
a happy and expressive pleasure button.
You little nubbin are my door bell,
the joy buzzer announcing the next spell.
Mama's little spare tongue shame tongue
loves to be the budgie's tongue!
Clint Toris, the horny goat,
was born as baby in the female boat.
Clitty's daddy was no Dracula,
Clitty was fathered by the bald man in the female navicula.
From puerility the stamina of the boy in the boat was terrific,
but as the man in the boat he is virile and most prolific.
The cockyolly bird dance around the hot spot,
a butterfly dancing dancing on the dot,
grinning as little feet caress the sensitive spot.
And then suddenly out loud sounds the pleasure crow,
my female cock, stood erect to let all know,
you hit my sweet spot with that last soft blow -
my sensible part relishes this so!
She's a succulent cherry, maybe a bit risky,
a passion fruit, guaranteed to get you frisky.
This goal keeper is a pleasure seeker,
a peeping sentinel, and a late sleeper!
The clown's hat is a little tickler,
but you can be sure she's the trigger.
This here tastebud is not any bud,
this nub is a love bud rosebud.
My praline is a sugared almond,
glistening, she is a sugared diamond.
My prawn of pleasure
dares you to taste her clitoric treasure.
Clitoris,
strange, hooded mystic,
why are you here,
what made you put up your command post,
your headquarters,
right amidst this girl's legs?
Who are you, what is your purpose,
your reason for coming?
Do you really have this one function only,
this singular goal?
Is your only concern sending forth
your army of orgasms,
the rhythmic contractions,
wave upon wave upon wave,
crashing on the beach of my skin
shaking my very foundation?
What care is it of yours,
the sake of the survival of my species,
that you would urge and encourage,
hint, poke, and seduce?
Is it your scheme to force me to copulate,
more girls for your harem?
You give no answers,
but you keep pressing, urging, demanding.
You crave your pound of flesh,
be it four, seven or ten inches,
always better if it's fresh.
Clitoris, my dearest clit,
whoever and whatever you are, I adore you utterly.
Yesterday peaceful and quiet,
today bouncing of the walls,
you are one of the great spices of life.
venerdì 8 maggio 2009
há dia pra tudo
No es mejor nunca que tarde? Neruda
há dia sem motivo, há dia subjetivo, há dia adjetivo
há dia objeto, há dia abjeto, há dia indiscreto
há dia de horas tremidas, há dia longo e quieto
há dia velha lição, há dia lacraia, escorpião
adia tudo. adia o substantivo,
o encontro – adia o travessão
adia a precisão, adia a retenção, adia a decisão
adia um outro dia
adia o rancor, adia o torpor, adia a ordem do ditador
adia a tesouraria, a melancolia, a alergia e a bulimia
adia o motivo, adia a espera, adia a espora
adia a chegada, adia a joelhada, adia a onça-pintada
adia o abandono, tira o quimono, adia o dia seguinte
adia a vergonha do pedinte
adia o necessário, adia o judiciário, adia o calendário
adia a picuinha, o frio na espinha, o pescoço da galinha
adia o cuidado, adia a hora marcada,
adia o papel-laminado,
adia o trabalho, ponha bugalho no alho,
adia a documentação, o olho comprido,
o cabeçalho, a hipertensão,
adia o formulário, o glossário, o projeto literário
adia a unha encravada, a gravata
ajunte no adiamento o seu aniversário
e pare os carros na rua já que tem
um louva-deus distraído e pousado
já que a cadeira de rodas do transeunte solitário
está com o pneu furado
na calçada da avenida.
há dia sem motivo, há dia subjetivo, há dia adjetivo
há dia objeto, há dia abjeto, há dia indiscreto
há dia de horas tremidas, há dia longo e quieto
há dia velha lição, há dia lacraia, escorpião
adia tudo. adia o substantivo,
o encontro – adia o travessão
adia a precisão, adia a retenção, adia a decisão
adia um outro dia
adia o rancor, adia o torpor, adia a ordem do ditador
adia a tesouraria, a melancolia, a alergia e a bulimia
adia o motivo, adia a espera, adia a espora
adia a chegada, adia a joelhada, adia a onça-pintada
adia o abandono, tira o quimono, adia o dia seguinte
adia a vergonha do pedinte
adia o necessário, adia o judiciário, adia o calendário
adia a picuinha, o frio na espinha, o pescoço da galinha
adia o cuidado, adia a hora marcada,
adia o papel-laminado,
adia o trabalho, ponha bugalho no alho,
adia a documentação, o olho comprido,
o cabeçalho, a hipertensão,
adia o formulário, o glossário, o projeto literário
adia a unha encravada, a gravata
ajunte no adiamento o seu aniversário
e pare os carros na rua já que tem
um louva-deus distraído e pousado
já que a cadeira de rodas do transeunte solitário
está com o pneu furado
na calçada da avenida.
martedì 5 maggio 2009
A Sylvia Plath
Mirror
I am silver and exact. I have no preconceptions.
What ever you see I swallow immediately
Just as it is, unmisted by love or dislike.
I am not cruel, only truthful---
The eye of a little god, four-cornered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is a part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.
Now I am a lake. A woman bends over me,
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully.
She rewards me with tears and an agitation of hands.
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.
I am silver and exact. I have no preconceptions.
What ever you see I swallow immediately
Just as it is, unmisted by love or dislike.
I am not cruel, only truthful---
The eye of a little god, four-cornered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is a part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.
Now I am a lake. A woman bends over me,
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully.
She rewards me with tears and an agitation of hands.
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.
Iscriviti a:
Post (Atom)