ter senso do ridículo
é
pois
...
já
ser ridículo
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giovedì 23 febbraio 2012
mercoledì 22 febbraio 2012
Natal, de F. Pessoa
Neste fim do carnaval estou organizando o texto sobre irredutibilidade e horizonte para a publicação. Este é o Pessoa que eu cito: a verdade nem veio, nem se foi: o erro mudou.
Nasce um Deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio, nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures sem creias: tudo é oculto.
Nasce um Deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio, nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures sem creias: tudo é oculto.
sabato 18 febbraio 2012
Anos de carnaval
Vou catando meus anos pela rua
em um vão ao lado do esgoto e com uma marca vermelha no chão
eu acho, nua e com ancas protubernates, o cheiro do meu passado
no bar, ao meio-dia, vendem arroz com chachaça preta
fico olhando de longe, depois de mais longe
os contornos definidos em 13 pixels com o salto alto
esbarrando em um atoleiro
quando acho o dia, faz sol e chove
atravesso a rua como se estivesse chegando em algum lugar
e achando meu maior desejo
mas vou cantando planos
em um vão ao lado do esgoto e com uma marca vermelha no chão
eu acho, nua e com ancas protubernates, o cheiro do meu passado
no bar, ao meio-dia, vendem arroz com chachaça preta
fico olhando de longe, depois de mais longe
os contornos definidos em 13 pixels com o salto alto
esbarrando em um atoleiro
quando acho o dia, faz sol e chove
atravesso a rua como se estivesse chegando em algum lugar
e achando meu maior desejo
mas vou cantando planos
lunedì 13 febbraio 2012
bits of Eastern Wartime (Adrienne Rich)
Memory says: What to do right? Don't count on me.
I'm a canal in Europe where bodies are floating
I'm a mass grave I'm the life that returns
I'm a table set with room for the Stranger
I'm a field with corners left for the landless
I'm accused of child-death of drinking blood
I'm a man-child praising God he's a man
I'm a woman bargaining for a chicken
I'm a woman who sells for a boat ticket
I'm an immigrant tailor who says A coat
is not a piece of cloth only
I sway in the learnings of the master mystics
I have dreamed of Zion I've dreamed of world revolution
I have dreamed that my children could live at last like others
I have walked the children of others through ranks of hatred
I'm a corpse dredged from a canal in Berlin
A river in Mississippi
I'm a woman standing with other women dressed in black
on the streets of Haifa, Tel Aviv, Jerusalem
There is spit on my sleeve there are phone calls in the night
I stand on a road in Ramallah with naked face listening
I am standing here in your poem unsatisfied
lifting my smoky mirror
I'm a canal in Europe where bodies are floating
I'm a mass grave I'm the life that returns
I'm a table set with room for the Stranger
I'm a field with corners left for the landless
I'm accused of child-death of drinking blood
I'm a man-child praising God he's a man
I'm a woman bargaining for a chicken
I'm a woman who sells for a boat ticket
I'm an immigrant tailor who says A coat
is not a piece of cloth only
I sway in the learnings of the master mystics
I have dreamed of Zion I've dreamed of world revolution
I have dreamed that my children could live at last like others
I have walked the children of others through ranks of hatred
I'm a corpse dredged from a canal in Berlin
A river in Mississippi
I'm a woman standing with other women dressed in black
on the streets of Haifa, Tel Aviv, Jerusalem
There is spit on my sleeve there are phone calls in the night
I stand on a road in Ramallah with naked face listening
I am standing here in your poem unsatisfied
lifting my smoky mirror
martedì 7 febbraio 2012
Nudez e timidez
"Casebres em ruínas
muros
escalavrados...
E a lesma - na sua liberdade de ir nua tímida"
Manuel de Barros
Quero encontrar um centro de gravidade que mexa as cadeiras
entre a lucidez e a embriaguez
me falaram de um violão de três
eu preferi ficar em casa com a minha nudez
tímida
me lembrei de uma tarde há mais de um mês
em que escrevia sobre pistaches, ou sobre meu umbigo
com uma pitomba pelada na borda dele
na virilha deitam as ancas de um cavalo de xadrez
sua crina entre meus pelos
minha nudez tímida
meu corpo de lesma
meu muro escalavrado
meu casebre em ruína
eu mordo os dentes nus no caroço da lichia
eu peço aos pequenos deuses que ela me guarde.
muros
escalavrados...
E a lesma - na sua liberdade de ir nua tímida"
Manuel de Barros
Quero encontrar um centro de gravidade que mexa as cadeiras
entre a lucidez e a embriaguez
me falaram de um violão de três
eu preferi ficar em casa com a minha nudez
tímida
me lembrei de uma tarde há mais de um mês
em que escrevia sobre pistaches, ou sobre meu umbigo
com uma pitomba pelada na borda dele
na virilha deitam as ancas de um cavalo de xadrez
sua crina entre meus pelos
minha nudez tímida
meu corpo de lesma
meu muro escalavrado
meu casebre em ruína
eu mordo os dentes nus no caroço da lichia
eu peço aos pequenos deuses que ela me guarde.
sabato 4 febbraio 2012
Sem Szimborska
S
"Morreu em casa, tranquila, enquanto dormia", disse à imprensa seu secretário pessoal, Michal Rusinek
fumante incorrigível
"eu não sei"
Passava horas buscando palavras, em companhia dos pequenos estalos que elas fazem.
E então
se desculpava por pedir emprestado palavras pesadas
e trabalhar muito para que elas parecessem leves.
venerdì 3 febbraio 2012
Miasmas no quarto branco
Li Ari Cândido Fernandes, que pensa que o Derg perverteu o marxismo-leninismo,
dizendo que os soviéticos viram no 74 da Etiópia um 17 russo.
O Negus Haile Selassie como um Tzar, milenar derrubado pelas massas
e as massas empenhadas por sua vanguarda com a mão de ferro de Mengistu.
O comunista e o rastafari.
Dois heróis vilões da ordem branca. Anti-épicos, etíopes, turvilíneos.
Chego em casa procurando um grito de guerra gravado em metal
que não me deixe mais a esmo, naquela disponibilidade, sem gravidade
mas os heróis da África são lendas e não são brancas, nem porta-retratos,
elas arrastam as bordas da história ocidental com elas.
dizendo que os soviéticos viram no 74 da Etiópia um 17 russo.
O Negus Haile Selassie como um Tzar, milenar derrubado pelas massas
e as massas empenhadas por sua vanguarda com a mão de ferro de Mengistu.
O comunista e o rastafari.
Dois heróis vilões da ordem branca. Anti-épicos, etíopes, turvilíneos.
Chego em casa procurando um grito de guerra gravado em metal
que não me deixe mais a esmo, naquela disponibilidade, sem gravidade
mas os heróis da África são lendas e não são brancas, nem porta-retratos,
elas arrastam as bordas da história ocidental com elas.
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