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mercoledì 28 ottobre 2009

Chakravorty

São tantas as grandezas do planeta
que eu nem meço mais, nem aço defesas -
molho as mangas despreparadas com água e cloro
e arrebento minha precisão.
Fico com palavras tentando morder meus ombros
e não escrever diários em primeira pessoa
despejar o que cai do céu - debulhar
e o que cai, cai em gotas.

sabato 24 ottobre 2009

O poeta e os elementos de Mendes Vianna

O poema incluindo dois vídeos no Piquetão a partir dele:
(Dá até pra clicar nos youtubes nas entrelinhas correspondentes já na primeira leitura)

A força do fogo
- tão forte força -
não queima
a dor! (Só a dor
cauteriza a dor).
http://www.youtube.com/watch?v=A_zFw7I6TUg

A força da água
- tão forte força -
não lava
a dor! (Só a lágrima
pode polir o agravo).

A força do ar
- tão forte força -
não areja a dor,
não ala a pedra
de Sísifo. Só o sonho
de ser livre nos orça
e salva.

http://www.youtube.com/watch?v=hpz4xE9xCZ4

A força da seiva
- tão forte força -
não corre nas veias.
Só flui nas nervuras,
so flui nos caules.
Não flui na minha raiz
e não cura
a cicatriz.

sabato 17 ottobre 2009

AUSPUFF, by Dieter & Davidle roos

aus
puff
aus
puff puff
aus
puff puff puff
aus
puff puff puff puff puff puff
aus
puff

giovedì 15 ottobre 2009

O tal pato

Acordo com a balbúrdia dos pequenos homens azuis no sol.
Há barulhos que são persas - o Saul
desistiu de afundar navios. Eu pego o Mcnaught levantado do chão, a
Ana Cristina foi ver os quartos vazios de novo;
ela acordou com a roda da bicicleta enterrada nas sobras de parafina -
procuro entre os meus papéis orientação.
O Menezes quebrou quatro regras com a Ana Cristina
e depois passou vinte minutos comendo pão com queijo seco
fazendo regra três com sua testa de sedução estética;
vou ao Bosforo com a Huda Shaarawi - ela
alugou uma casa de madeira no alto de uma montanha
de onde se vê o mar de marmara e decorou com pequenos animais
brancos, destes que os franceses faziam nos anos cinquenta.
Só no fim da manhã é que Toni recebeu o envelope azul:
continha dez mil reais em notas argentinas e o broche de ouro de um pato assado, gemendo.

sabato 10 ottobre 2009

A Rumi to place in your door

This being human is a guesthouse
every morning a new arrival
a joy, a depression, a meanness.
Some momentary awareness comes
as an unexpected visitor.
Welcome and entertain them all!
Even if they are a crowd of sorrows
who violently sweep your house
empty of its furniture.
Still treat each guest honorably.
He might be cleaning up you out
for some new delight!
The dark thought, the shame, the malice
meet them at the door laughing
and invite them in
be grateful for whoever comes
because each has been sent
as a guide from beyond.

lunedì 5 ottobre 2009

Os Pobres na Estação Rodoviária - Lêdo Ivo

Os pobres viajam, Na estação rodoviária

eles alteiam os pescoços como gansos para olhar
os letreiros dos ônibus. E seus olhares
são de quem teme perder alguma coisa:
a mala que guarda um rádio de pilha e um casaco
que tem a cor do frio num dia sem sonhos,
o sanduíche de mortadela no fundo da sacola,
e o sol de subúrbio e poeira além dos viadutos.
Entre o rumor dos alto-falantes e o arquejo dos ônibus
eles temem perder a própria viagem
escondida no névoa dos horários.
Os que dormitam nos bancos acordam assustados,
embora os pesadelos sejam um privilégio
dos que abastecem os ouvidos e o tédio dos psicanalistas
em consultórios assépticos como o algodão que
tapa o nariz dos mortos.
Nas filas os pobres assumem um ar grave
que une temor, impaciência e submissão.
Como os pobres são grotescos! E como os seus odores
nos incomodam mesmo à distância!
E não têm a noção das conveniências, não sabem
portar-se em público.
O dedo sujo de nicotina esfrega o olho irritado
que do sonho reteve apenas a remela.
Do seio caído e túrgido um filete de leite
escorre para a pequena boca habituada ao choro.
Na plataforma eles vão o vêm, saltam e seguram
malas e embrulhos,
fazem perguntas descabidos nos guichês, sussurram
palavras misteriosas
e contemplam os capas das revistas com o ar espantado
de quem não sabe o caminho do salão da vida.
Por que esse ir e vir? E essas roupas espalhafatosas,
esses amarelos de azeite de dendê que doem
na vista delicada
do viajante obrigado a suportar tantos cheiros incômodos,
e esses vermelhos contundentes de feira e mafuá?
Os pobres não sabem viajar nem sabem vestir-se.
Tampouco sabem morar: não têm noção do conforto
embora alguns deles possuam até televisão.
Na verdade os pobres não sabem nem morrer.
(Têm quase sempre uma morte feia e deselegante.)
E em qualquer lugar do mundo eles incomodam,
viajantes importunos que ocupam os nossos
lugares mesmo quando estamos sentados e eles viajam de pé.

+ Este poema vai para o projeto Estética de Rodoviária. De Porto Alegre. Está apenas começando.
http://www.esteticaderodoviaria.blogspot.com/



palavras sem terminação

em um meio
os meios são onde escorrega-se até os fins
penso twitter, o que respiro é que é argumento
olho para o encontro da parede com o teto
da parede com o céu
do mar com o teto
uma rima - molecular