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giovedì 11 luglio 2013

Testemunho do Testamento

Queria ficar mais tempo na terra.
Ela me traga. Me lambe a seco meus mais minúsculos músculos, quina por quina, ruga por ruga. E me suga de uma vez já que nela fala a força que vai ao centro do planeta. E fala em uníssono. A terra me cobrindo todos os ossos ainda vivos me fez isso: deixou meus dedos parecidos com meus pelos, meu pescoço se sentindo um fêmur. É que ossos não vivem. A terra também não vive neles. Testemunhei um homogênese: o ímpeto da contaminação em todas as partes - ser sugado, ser parte do chão, ser o mesmo (mas com a acidez que acumulei dos meus dias na parte de cima do chão). A terra traga. Acolhe, aconchega. Ela chega ao chão.
Há também os roedores, que nem esperaram minha carne começar a apodrecer para me digerir em nome da terra. A terra é lenta como o solo de uma azinheira, mas rapidíssima como seus répteis na iminência do bote. Rápido demais pra mim. Uma pressa de horizontalizar.
A terra faz cócegas. Ela tem ânsias.
Parece toda antiga, e sua pele é familiar e conhecida.
A temperatura da terra – boca seca mordaz – também é ambiguidade. Fria e acalenta. Me amassa e me expele.
Ela é imensa e é um quinhão. Me come, e me cospe. E eu é que parecia estar tragando a terra. Ancestral e inesperada. Entrei em entranhas. Eram entranhas de tudo o que foi, desde sempre, o meu chão. Mas eram estranhas.
Queria ficar mais tempo na Terra.


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