Visualizzazioni totali

domenica 22 aprile 2012

Teoscópico

Não só o mundo está repleto de micróbios
famintos e ensimesmados e gosmentos,
mas também está repleto de micróteus,
os pequenos deuses largados pelo charco.
Trouxe um punhado deles em um vaso feito de pedra de Petra,
um vaso de escritório, sóbrio, hidrófobo
despreprarado para minhas embarcações inundadas.
Pús o vaso sobre a mesa, e nele pús meus lápis,
minha caneta das pequenas coisas e minha caneta achada na rua.
Quando tenho certeza, não uso nenhuma delas
já que tenho também uma longa borracha
que solta pedaços brancos onde não mora ninguém.
Meu colar de contas azul despedaçou sobre a mesa
e um cilindro de vidro se partiu ao meio.
De dentro soltou um deus clandestino e copulou no vaso
- Estou exagerando?




sabato 21 aprile 2012

Prova


Assumundo todo
eu sou um descalabro

venerdì 20 aprile 2012

Orientando a objetos

Rilke Stundenbuch Pilgerschaft:
[...]
O metal tem saudades. E quer deixar
as moedas e as roldanas
que lhe ensinam uma vida pequena.
Das fábricas e das caixas
Irá regressar ao seio
das montanhas violentadas
que atrás dele se fecham.

Frutuoso Correa Mendes, Alquemia dos objetos técnicos:
[...]
A memória do metal guarda as nódoas
ardidas, apressadas, congestionadas
quando repousa na manivela central
e, instalado, exerce.

Rilke Muzot:
[...]
A américa nos inunda de objetos vazios e indiferentes
[...]

Tristán Garcia, Traté des choses:
[...]
N´importe quoi c´est quelque chose
[...]

Coro das coisas:
Rápido, estendam-nos os sapatos costurados,
Nós ficamos imóveis no crepúsculo.

domenica 8 aprile 2012

Minha pele quando está chovendo

Me dizem que eu devia soltar os leões
eles devoraram a minha carne branca
e não podem ficar enjaulados,
está chovendo.
Tenho vontades assim: um edredon em um beco
em um bueiro, inundando de água de chuva,
eu aprendi a odiar as formas substanciais
Leviandades.

Me dizem que eu devia rugir entre os teus dedos do pé
tu devorou minhas entranhas com teus olhos
brancos
está chovendo
Tenho vontades assim: meu vômito em uma sopeira de porcelana
em uma baixela, polida com uma cera brilhosa
eu aprendi a odiar o arame farpado
Me condensa.

Me dizem que eu devia amar o silêncio

venerdì 6 aprile 2012

A piedade - Roberto Piva

(cortesia de Carol Barreiro)


Eu urrava nos poliedros da Justiça meu momento
abatido na extrema paliçada
os professores falavam da vontade de dominar e da
luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
os comerciantes são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria
aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam
cu-de-ferro e me fariam perguntas: por que navio
bóia? por que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as
estátuas de fortes dentaduras
iria a bailes onde eu não poderia levar meus amigos
pederastas ou barbudos
eu me universalizaria no senso comum e eles diriam
que tenho todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
Os arranha-céus de carniça se decompõem nos
pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas
asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através
dos meus sonhos