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giovedì 9 settembre 2010

Prosa em convite especial esquizotrans

Saiu o Breviário de Pornografia Esquizotrans está a disposição. Adquira um exemplar exemplar ou diretamente na editora por 25 reais;
www.editoraexlibris. com.br
telefone (61)78132176
ou comigo escrevendo nome e endereço para hilantra
ou ainda em algumas livrarias, por exemplo no Café com Letras de Brasília, na 203 sul.
Além do mais, no esquizotrans.wordpress.com

E ponho aqui prosa. Trecho que ficou de fora do Breviário:
em vez de ganir pelo nada, fodo contigo

Chove barulhos lentos, minha pele cisca pelos meus nervos sem dor, sem dó e eu não tenho nenhuma resistência. Insistência pura, puta vontade de engolir fogo com as dobras do cotovelo, sem o velho coturno com cílios dos olhos, com a virilha, com a buceta funda desassossegada e eu tremida, vibrada, gemida, imaculada, prometida, ajambrada, película do fio do lábio grosso por linhas tortas. Vem sopro, vem espírito santo, vem calda quente, faz da minha barriga um papel laminado amassado apertado pelos dedos com unhas marcadas pela terra que fica dentro da fenda entre a protuberância e a reentrância em cada unha, uma marca côncava, aberta para dentro das mãos como se esperasse elas em um cadinho de barro. Chovia barulhos lentos, eu sozinha com meu cobertor que produzia calor em forma de minhocas pequenas, quase como larvas, quase como pequenas luzes azuis em uma estrada deserta – o padrão dos azulejos em que eu perco meus olhos, meus olhos fechados, eu encolhida e encaracolada, envolvida embriagada das cores do azulejo sobre a luz branca, o cimento entre os azulejos faz frio, chove barulhos lentos, minha vagina suga espraiada, escondida, esmagada, enrijecida entre minhas duas pernas que não têm nenhuma resistência e que fazem contato uma com a outra, dobra por dobra, as carnes dos meu ouvido roçando o travesseiro gordo, abundante, firme, gentil, eu agachada sobre as pilastras finas da cama, mas travestida, estendida, acobertada, esguia mas a ermo, sem beira, sem atenção, sem tema e sem coceira. Escuro, dentro da minha casa, dentro do meu cobertor, abrigante, bruto, meus dedos encolhidos com a cabeça cheia. Minha cabeça é um córrego esguio, um leito de pedras pontudas que são vítimas das minhas faltas de coragem, que são as vítimas das mucosas das minhas gengivas vermelhas sendo roçadas pela língua áspera do Lúcio, que é uma vítima dos meus braços que abraçam como eu prendo este cobertor e o esmago nos meus seios como se não tivéssemos pele e depois soltam, soltam porque são vítimas do musgo que deixo escorregando pelo chão depois que a paixão me devora e vai embora, vítima da água gelada que corre entre os meus desejos, que são vítimas do leito de pedras pontudas dentro da meu cerebelo íntimo que gane pelo nada. Dentro da minha boca duas uvas ovais, quase sem caldo, o suco grudado na pele e de dentro delas sai um vento, vindo de uma eternidade entrona, ouriçado, um vento que era súbito e sórdido e sólido e gentil.
Minha garganta grunhiu uns semitons fora da escala como se escarrasse uma bola de sebo que entrou pela carruagem errada, minha garganta comprimida, de esticada se fechou como se minha cabeça fosse entrar para dentro dos espaço leviano entre meus dois peitos – como se eu fosse um cisne adentrado por Leda, enganosa e entregue a sorte de uma ave que eu encorporava pelo pescoço, uma ave de pescoço ereto e eu embolotada, entulhada sobre meus peitos fechados como se quisessem possuir sozinhos as veias em torno do meu coração ríspido, higiênico. Minha carótida vibrava como se fosse ela o indicador luminoso do meu orgasmo – todo o meu corpo se entregava a veia, ao sangue espremido, apertado e que borbulhava; berrei como se a legião dos anjos me escutasse o prazer que é decibel do terrível que posso suportar com minhas unhas rasgando o colchão, o cobertor e o chão e minha nuca nua exposta a janela do quarto de onde me vê o vizinho, inútil, singelo e imundo. Nuca, o pedaço que eu queria mordido, mastigado do meu corpo que espera, espera pelo delírio que meus sentidos arrancam das dobras de Deus, das sobras daquele vento cisreal que ejaculou um dia o espírito santo; eu tosca, devota, cavala d’água em disparada sem punhal, cega e sonâmbula e esdrúxula – amando inteira, minhas palavras róseas que sangram e de dentro dos cobertores, de dentro das minhas partes cobertas aquele mijo com cheiro de ervas, de frutas, de uvas, de cerejas do éden misturado com minha gosma G e eu não berrava mais, mas queria mais da eternidade genérica, esférica, angélica, lisérgica, epidérmica, gutural. Queria e passou aquilo – meus lábios grandes enfiados por um tufão já nada ganiam, tubilhavam, uma pétala amarela balançando debaixo de uma lufada que ele foi embora e fez rápido; um touro na seda, estou sozinha todas estas vinte-e-quatro horas sem o santo graal roçando em torno do meu umbigo. Só a chuva passou aritmética, respirava profundo como se dentro do meu corpo já não houvessem armas.